08/2024

Tempo de leitura: 5 minutos

Compartilhar

2º Encontro de Membros discute representatividade no movimento

Financiamento, mandato de lideranças e maior participação de povos originários foram pontos destacados no evento

Ferramenta permitiu envio e sistematização de perguntas e sugestões dos membros em tempo real. Foto: Reprodução


Com a participação de 92 pessoas, o 2º Encontro de Membros da Coalizão Brasil, realizado online no dia 1º de agosto, teve como principais temas o estabelecimento de mandatos para lideranças, formas de financiamento das atividades e a necessidade de atrair organizações ligadas à agricultura familiar.

O encontro é um momento para que os membros possam entender melhor a estrutura de governança e a forma de atuação e de tomadas de decisão da rede. Os participantes também são convidados a tirar dúvidas e contribuir com críticas e sugestões. Em agosto, o movimento ultrapassou o marco dos 400 membros.

O primeiro encontro foi realizado em junho de 2023, após a Coalizão constatar a necessidade de conversar e ouvir mais os seus membros. Na ocasião, estes contribuíram levantando pontos que poderiam ser melhorados na construção de posicionamentos.

Foi apresentada, também, a estrutura decisória da Coalizão e atualizações na forma de gestão. Desde 2020, o movimento conta com o Comitê Governança, atualmente formado por nove membros e coliderado por Sergio Mindlin, membro do Conselho de Administração do Instituto Ethos e do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e pela advogada Andreia Bonzo.

“Começamos a colocar de forma mais estruturada e sistematizada as regras que estavam acordadas, como a constituição do Grupo Estratégico (GE) e do Grupo Executivo (GX) e a questão de paridade. Agora entramos em uma nova fase para fechar um documento mais amplo para contemplar toda a governança”, afirmou Bonzo.

Instauração de mandato para lideranças

Através de uma ferramenta interativa usada em tempo real, os participantes fizeram perguntas e enviaram sugestões e comentários sobre a governança da rede.

Um dos pontos levantados foi sobre a instauração de mandatos com duração determinada para lideranças. Cofundadora da Coalizão e membro do GE, a instância de cúpula do movimento, Rachel Biderman, reconheceu que está na hora de a rede promover mudanças.

“Em 2015, quando surgiu a Coalizão, havia uma intensa participação de seus fundadores, que durante meses construíram a visão do movimento. O GE surgiu assim, de forma orgânica. Hoje é evidente que precisamos adaptar a governança, já que vão chegando mais membros com energia e capacidade para doar seu tempo em prol de nossas agendas”, assinalou Biderman, que também é vice-presidente para as Américas da Conservação Internacional. “É, portanto, um bom momento para se falar de mandatos.”

Financiamento

Durante o encontro, foi explicado que a estrutura de funcionamento da Coalizão é sustentada por meio de doações de membros, filantropia e, em menor proporção, por recursos voltados para projetos específicos. O estabelecimento de membresia foi descartado, devido ao risco de que restringisse o engajamento à Coalizão. Um novo desenho está sendo elaborado com o apoio de uma consultoria para assegurar a sustentabilidade financeira à rede.

Representação de povos originários e da agricultura familiar

Diante da sugestão de se ter ou aumentar a representatividade de povos originários, Biderman ressaltou que as agendas relacionadas a esse grupo nunca estiveram excluídas da visão da Coalizão:

“Em um determinado momento, surgiu uma reflexão de que não somos atrativos para esses movimentos. Mas, ainda que não tenhamos participação de indígenas, o Livro Verde, nosso documento de fundação, traz com clareza a necessidade de proteger territórios indígenas por diversos motivos, como os fins climáticos, a preservação de identidades culturais e a importância desses povos para o Brasil. E isso nos levou a manifestações em alguns momentos críticos no Congresso.”

A ausência de representantes da agricultura familiar nos quadros da Coalizão também chamou atenção dos participantes do encontro. A rede iniciou nos últimos meses um processo de identificação e aproximação com atores que representam o segmento. O esforço tem sido concentrado na Força-Tarefa Segurança Alimentar.

“Sabemos da importância dessa agenda para o país, e há muitas oportunidades para propor políticas para esse setor, como a Estratégia Nacional de ATER”, afirmou Fernando Sampaio, cofacilitador da Coalizão e diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). “A ideia é mapear atores-chave, e contamos com esta rede para ajudar a identificá-los e convencê-los a participar da Coalizão.”

Contingências e oportunidades

Diretor-executivo do Ipam e membro do GE, André Guimarães destacou que a Coalizão vive um momento único.

“A Coalizão vem de momentos singulares, como quando nasceu, com o propósito de influenciar as metas do Brasil no Acordo de Paris”, lembrou. “Estamos novamente num momento ímpar. Temos que rever a NDC (a meta climática) do país e o desmatamento no Cerrado cresceu. Teremos COP no Brasil no ano que vem e uma pressão sem precedentes no comércio internacional. São contingências, mas representam oportunidades. É essencial estarmos unidos e fortalecidos.”

Leia também
Assine nossa Newsletter
Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi realizada com sucesso.