11/2016

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GT avalia momento atual do Plano ABC e da ILPF no Brasil

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Foto: Abag

Avanços e entraves do Plano e Programa ABC e da implementação do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILFP) no Brasil, esses foram os principais temas do webinar realizado em 21 de novembro, pelo Grupo de Trabalho da Agricultura de Baixo Carbono. A apresentação, que durou cerca de 30 minutos, ficou a cargo de Angelo Gurgel, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV).

Para abrir, Gurgel fez um panorama da agropecuária de baixo carbono no país, lembrando que tanto o Plano ABC, que contempla ações até 2020, como na NDC (compromissos do Acordo de Paris), até 2030, o governo brasileiro destaca a recuperação de pastagens degradadas e a integração lavoura-pecuária-floresta. O Plano ABC prevê recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens e implantação de ILPF em 4 milhões de hectares. A NDC brasileira segue no mesmo rumo, com a recuperação de 15 milhões de hectares de áreas de pastagem e mais 5 milhões de hectares de ILPF.

Estimativa apresentada em estudo encomendado pela Rede de Fomento do ILPF mostra que esse sistema alcançou quase 6 milhões de hectares em 2015, um aumento de 2,3 milhões de hectares em relação a 2010. O volume de carbono sequestrado, para o período 2010-2015, é de cerca de 21 milhões de tCO2e. “Havia uma certa nebulosidade, por falta de informação, sobre quão lucrativo esse sistema pode ser para o produtor, mas pelo ritmo verificado no trabalho, ele parece estar se difundindo”, destacou Gurgel. Outra pesquisa, encomendada pelo Observatório ABC, indicou que a expansão da agricultura de baixo carbono sobre áreas de pastagens degradadas promoveria a redução de emissão de GEE, em dez anos, de 1,8 bilhão de tCO2e.

Outras tecnologias, como o plantio direto, avançam mesmo sem incentivo oficial, por meio de diversas iniciativas envolvendo organizações da sociedade civil, entidades setoriais e órgãos públicos. Tais tecnologias têm seu próprio potencial de redução de emissões ou captura de carbono, embora seja mais difícil contabilizá-lo.

Gurgel abordou, ainda, a relação da adoção de tecnologias de baixo carbono com a redução de desmatamento, conservação de recursos naturais e manutenção de serviços ambientais. Tais fatores requerem visão estratégica e também valorização pelo consumidor. “Precisamos mostrar para a sociedade brasileira e para o mundo que se trata de uma contribuição importante, não só com produção de alimentos. Esse potencial, se bem explorado, pode trazer maior rentabilidade bem como mecanismos para manter essa sustentabilidade econômica no longo prazo.”

Desafios para o ABC

Na segunda parte do webinar, foram apresentados os principais entraves para o avanço da agricultura de baixo carbono, que incluem: pouco conhecimento sobre tecnologias disponíveis; falta de informação sobre suas vantagens econômicas; problemas de regularização fundiária — principalmente na região Norte do país; e falta de monitoramento. São desafios que ajudam a explicar por que o total de recursos disponíveis pelo Plano Safra para financiar essas tecnologias ainda não foi utilizado, embora não representem um volume muito significativo em relação ao total.

Outro ponto de destaque é a falta de assistência técnica e de difusão de tecnologias de baixo carbono no campo. O Plano ABC, por exemplo, não destina muitos recursos para essa área. Entender como ampliar essa assistência e a adoção dessas práticas foi um dos principais focos da atuação do GT ABC em 2016. Em outubro, o grupo organizou uma mesa-redonda sobre esse tema, realizada em Brasília, com apoio do Ministério da Agricultura. Ao fim do evento, entre as principais recomendações elencaram-se: a necessidade de maior engajamento de entidades públicas, privadas e do terceiro setor, assistência participativa no caso da agricultura familiar, capacitação para todos os agentes envolvidos, planejamento em escala municipal e atenção à gestão.

Assista ao webinar aqui

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