11/2016

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Assistência técnica e difusão de tecnologias de baixo carbono são decisivas para o produtor rural

Brasilia 24out

Foto: Chiaki Karen Tada

Três ingredientes são decisivos para ampliar a agropecuária de baixo carbono: estabelecer parcerias entre os diversos setores da sociedade, entender as necessidades e as diferentes escalas das propriedades, além de investir em sensibilização e capacitação. Nesse último ponto, estão envolvidos desde o agente que leva assistência às propriedades, ao próprio “operador” das técnicas de baixo carbono, passando pelo dono ou gerente da propriedade rural e até pelos agentes financiadores.

Essa foi a principal conclusão de um evento promovido pela Coalizão Brasil em Brasília, no dia 24 de outubro, e realizado em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em seu auditório em Brasília. Participaram cerca de 60 representantes de governo, de empresas e de organizações da sociedade civil. O propósito da mesa-redonda Assistência Técnica, Difusão de Tecnologia e Financiamento: caminhos para a consolidação da Agropecuária de Baixo Carbono era levantar as oportunidades ambientais e econômicas de tais práticas, capazes de gerar competitividade e rentabilidade, num mundo cada vez mais preocupado com as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e com uma nova economia que não comprometa ainda mais o aumento da temperatura do planeta.

A iniciativa desse encontro nasceu no Grupo de Trabalho de Agropecuária de Baixo Carbono da Coalizão. A abertura ficou a cargo de Luana Maia, coordenadora da Coalizão Brasil, e João Campari, assessor especial do ministro da Agricultura, Blairo Maggi. “A meta da pasta é elevar de 7% para 10% a participação brasileira no marketshare global de commodities agrícolas, e fazer isso com responsabilidade socioambiental”, afirmou Campari.

Realidade de cada segmento

A primeira sessão foi voltada para uma avaliação das políticas públicas para a difusão de assistência e tecnologia, com destaque para a agricultura familiar, e teve a participação de representantes do Programa Biodiesel, da Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo do Ministério da Agricultura e do projeto TerraCert. O segundo painel trouxe a experiência de empresas que já levam assistência técnica a seus fornecedores — Raízen, JBS e Associação Brasileira da Indústria do Óleo Vegetal (Abiove).

A terceira parte, com participação de BNDES, Michelin e Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), foi de busca por sinergias entre os setores público e privado. A última etapa das discussões foi dedicada à qualidade da assistência técnica disponível e à capacitação dos agentes responsáveis por levar essa assistência a todos os rincões do país. Participaram dela representantes do Instituto Floresta Tropical (IFT), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Mato Grosso do Sul (Senar – MS) e do Plano ABC.

Um dos principais aspectos em foco foi a necessidade de entender a realidade do pequeno, médio e grande produtor rural e o que cada um necessita, pois há diversos desafios no dia a dia, cada qual, com sua urgência. “Não basta apenas entregar um pacote de tecnologias. É preciso olhar a demanda da propriedade, pactuar com o produtor, entender as diferentes nuances para dar assistência técnica e, por conseguinte, oferecer financiamento que seja adequado”, afirmou André Guimarães, diretor executivo do Ipam.

Mostrar a viabilidade econômica da agricultura de baixo carbono é essencial e um grande desafio. Afinal, a transição em escala para o novo modelo requer tempo e investimento. É preciso recompor a capacidade do solo de produzir, além de mudar a maneira de pensar dos que estão envolvidos no processo — produtores, agentes financeiros e técnicos que levam as práticas para o campo.

A importância das parcerias também foi ressaltada. “Temos as melhores tecnologias agrícolas, mas ainda existem bolsões de áreas produtivas com alta degradação do solo. Precisamos estabelecer parcerias com governo, sociedade civil, agências públicas e privadas para solucionar esse desequilíbrio. O poder público não vai resolver sozinho”, completou Guimarães.

Com as principais conclusões da mesa-redonda em mãos, o GT ABC irá agora elaborar um documento com diretrizes sobre como ampliar essas perspectivas. O evento contou com apoio do Mapa e patrocínio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Agroicone, Solidaridad, Instituto Arapyaú, Instituto BioSistêmico (IBS), Imaflora e WWF Brasil.

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