Novos desafios e oportunidades estão no horizonte do setor florestal com a promulgação do Código Florestal e a consequente regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), bem como do Plano de Regularização Ambiental (PRA). Espera-se o crescimento da demanda por restauração florestal de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reservas Legais (RLs) em todo o país.
“Para atender a essa demanda de maneira adequada, serão necessários estudos que ofereçam conhecimento mais aprofundado e também investimentos na estruturação de todos os setores da cadeia da restauração florestal, desde a coleta de sementes até a mão-de-obra para restauração e manejo das florestas”, afirma Marina Campos, da The Nature Conservancy (TNC), líder do grupo de trabalho que lida com a restauração e a silvicultura, com foco em incremento de estoques florestais para múltiplos usos e desenvolvimento do cultivo de espécies arbóreas nativas do Brasil.
Em um primeiro momento, o GT buscará o desenvolvimento de silvicultura de espécies nativas que tenham viabilidade econômica. Esse aspecto é relevante porque a oferta de produtos madeireiros pode dar escala, mais rapidamente, à restauração florestal. Por isso, serão levantadas ações para viabilizar isso, estudar diferentes modelos de restauração (incluindo aqueles que usam espécies nativas e exóticas) e trabalhar no desenvolvimento de um programa pré-competitivo de nativas.
Segundo Marina, investimentos em pesquisa e em tecnologia para a produção e a exploração de produtos madeireiros e não madeireiros de espécies oriundas das áreas restauradas também se fazem necessários.
O GT vislumbra que, ao mesmo tempo em que demandam elevados recursos para a implantação em campo, a restauração e o manejo de florestas podem promover oportunidades de geração de empregos e renda. Estudos que apontem os benefícios econômicos associados à restauração poderiam contribuir para investimentos público-privados nessa área. Além disso, é fundamental que a restauração em si leve benefícios ao proprietário da terra e à comunidade local, por meio da produção e manejo de produtos da chamada sociobiodiversidade.
Outro ponto crucial: promover análises econômicas do potencial de retorno de investimento no setor de restauração (geração de renda, empregos, PIB regional), além dos já citados estudos sobre o potencial de uso e retorno econômico das espécies nativas e de modelos de restauração florestal mistos (uso de espécies nativas e exóticas) e o investimento em extensão rural específica ao tema.
O GT prevê que uma campanha de valorização do patrimônio natural nacional ajudaria a mostrar à sociedade as vantagens de fazer parte de uma cadeia de exploração florestal correta.
Com relação à cadeia de exploração de produtos da floresta, os desafios são bastante diversificados. “Até o momento, não existe mercado estabelecido nem tecnologia desenvolvida para o processamento e o beneficiamento da maioria dos produtos de espécies nativas de origem florestal”, lembra Marina.
O GT agora está levantando as ações já existentes, identificando os gargalos e as oportunidades. No mês de novembro, haverá uma reunião presencial para analisar tais informações e estabelecer um cronograma de próximas ações.
GT Restauração e silvicultura
Propostas: 13 e 15, sobre incremento de estoques florestais para múltiplos usos e desenvolvimento da silvicultura de espécies arbóreas nativas do Brasil
Organizações mais envolvidas: Amata, Cebds, Cepan, CI, Diálogo Florestal, Esalq/USP, Fibria, Ibá, Instituto Inhotim, Ipam, IUCN, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, SRB, TNC, WRI e WWF Brasil