03/2022

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Brasil precisa ampliar a cultura do seguro rural para médios e pequenos produtores

Conclusão é de webinar sobre o tema, promovido pela Coalizão e parceiros

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Coalizão Brasil, com apoio da Agroicone, do Climate Policy Initiative (CPI/PUC-Rio) e WWF-Brasil, promoveu, em 8 de fevereiro, o webinar “O papel do seguro rural na gestão integrada de riscos agropecuários”. Com moderação de Ivan Wedekin, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o evento contou com a participação de especialistas de diferentes setores. Estiveram no debate Pedro Loyola, diretor do Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola do Mapa; Diogo Ornellas Geraldo, coordenador geral de Grandes Riscos e Resseguros da Superintendência de Seguros Privados (Susep); José Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa e coordenador da Rede Embrapa do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc); e Ricardo Gomes, gerente do Programa de Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia, do Instituto Arapyaú.

Loyola foi o primeiro a trazer suas contribuições ao webinar, levantando o histórico do programa de seguro rural de subvenção no Brasil, com início em 2006, e hoje com um total de 14 milhões de hectares assegurados. No entanto, em sua opinião, falta conhecimento sobre os contratos por parte dos segurados:

“O principal problema do seguro rural é estruturante. Precisamos de gente capacitada, especialmente gerentes de banco e profissionais de seguradora, que possam dar assistência ao segurado na hora do acionamento do sinistro”.

Difundir a cultura do seguro rural é especialmente importante para a sustentabilidade dos pequenos e médios produtores no enfrentamento dos problemas relacionados à crise climática, acrescentou Loyola. Diogo Ornellas Geraldo, da Susep, concordou e reforçou que os seguros rurais paramétricos passaram a fazer parte dos produtos com subvenção do Mapa.

“É preciso divulgar isso de forma mais abrangente, porque é de muito interesse dos produtores”, afirmou Ornellas.

O seguro rural paramétrico é aquele feito sob medida para o agricultor. Também conhecido como seguro de índice, ele pode trazer em contrato a previsão de cenário, considerando volume de chuvas e estimativa de produção da área, por exemplo. E, caso isso não se concretize na safra, o segurado pode pedir ressarcimento.

Essa garantia pode ser especialmente importante, segundo José Eduardo Monteiro, pesquisador da Embrapa, porque o risco hídrico é o que provoca maior impacto econômico na produção rural brasileira, conforme resultado de pesquisa apresentado no evento.

Ricardo Gomes, do Instituto Arapyaú, encerrou o webinar comentando o case de projeto-piloto de seguro paramétrico no sul da Bahia, junto a médios produtores de cacau em uma área total de 140 hectares de terra, cuja produção tem sido duramente afetada pela progressiva diminuição de chuvas, alternada com o grande volume pluviométrico que aconteceu no final de 2021 e início de 2022, e que deixou cidades do estado sob água.

“O piloto mostrou que é possível ter seguro customizado à realidade regional. Queremos criar formas de escalar a experiência com o cacau e beneficiar os produtores, agregando a lógica de recompensa com remuneração por outros serviços ambientais”, concluiu.

O financiamento do seguro foi possível graças ao crédito de carbono gerado pelo sistema cabruca, um sistema agroflorestal em que o plantio do cacau é feito à sombra de espécies nativas.

“Temos em torno de 25 mil produtores de cacau no sul da Bahia e queremos ampliar a experiência para eles, já que a monetização via carbono foi muito bem aceita”, disse Gomes.

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