06/2018

Tempo de leitura: 7 minutos

Compartilhar

Coalizão Brasil comemora três anos em plenária sobre o futuro do uso da terra e as eleições 2018

Foto: Fernanda Macedo / Coalizão Brasil

No dia 13 de junho, a Coalizão Brasil realizou sua primeira plenária de 2018, no teatro Tucarena, no auditório Santander, em São Paulo, marcando o aniversário de 3 anos do movimento e o andamento de suas duas principais frentes atuais de trabalho: a construção da Visão de Longo Prazo para o uso da terra no Brasil e a criação da Plataforma Eleições 2018, para pautar os principais candidatos deste ano com a agenda de clima, florestas e agricultura. Cerca de 80 pessoas acompanham presencialmente o encontro, além de 20 pessoas ligadas ao vivo pela internet.

Em sua fala de abertura, Marcelo Furtado, ex facilitador do movimento [veja mais informações sobre a mudança de facilitação da Coalizão Brasil ao fim desta página], disse que, embora o Brasil esteja em crise, em algum momento ela passará e é preciso saber o que fazer. “Não viemos discutir a crise. Viemos discutir como a gente faz uma visão de país que nos una em uma direção estratégica, que é o uso da terra com vetor de desenvolvimento, prosperidade e bem-estar”, comentou Furtado.

Para apresentar os primeiros resultados da construção da visão de longo prazo, alguns líderes dos Fóruns de Diálogo foram convidados ao palco. Até hoje foram realizadas 17 reuniões de trabalho dos Fóruns, que já contam com 193 pessoas, de 113 organizações [clique aqui para saber mais sobre os destaques apresentados pelos Fóruns de Diálogo].

Parte da visão de longo prazo será alimentada pelos debates do seminário científico sobre dados relacionados à dinâmica de cobertura e uso da terra, realizado em 17 de maio, em São Paulo, pela Coalizão Brasil. Furtado e João Adrien, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e membro do comitê organizador do seminário, comentaram os resultados do evento e exibiram em primeiro mão o vídeo que traz as mensagens-chave do dia. O seminário reuniu cerca de 200 pessoas e contou com a participação de alguns dos maiores pesquisadores e especialistas em uso da terra do Brasil. Um relatório completo com os principais debates do dia será lançado em julho.

Além de base científica, uma visão de longo prazo para o uso da terra precisa deixar clara as contribuições econômicas e sociais que tem a oferecer ao país. Em um bloco dedicado a debater essas oportunidades, Ana Carolina Szklo, diretora de desenvolvimento Institucional no Cebds, buscou definir os benefícios econômicos. “Que economia é essa que estamos buscando? É uma economia de baixo carbono, circular, resiliente, inclusiva, diversa, que considere os direitos humanos, os avanços tecnológicos, os impactos das empresas sobre a sociedade, além de novos mecanismos financeiros para viabilizar essa transição”, resumiu Szklo, destacando a importância da atuação conjunta e integrada de diferentes setores.

Ana Cristina Barros, diretora de Infraestrutura Inteligente para a América Latina na The Nature Conservancy (TNC), citou o relatório The 2016 New Climate, que traz um enorme desafio para essa nova economia. “Não existe nenhum setor da economia do mundo que tenha centenas de trilhões para investir e, no entanto, o mundo precisa desse investimento. Uma decisão tomada hoje vai determinar o nosso 2050”, afirmou Barros. Ela ressaltou também o enorme potencial econômico representado pelos membros da Coalizão Brasil.

Os aspectos sociais da economia de baixo carbono foram abordados por Rodrigo Castro, gerente nacional da Solidaridad Network. Grande parte dos moradores da floresta são da agricultura familiar, segundo Castro, setor responsável por cerca de 70% dos alimentos produzidos no país, 80% do número de propriedades rurais, 40% da renda da população brasileira e 60% do emprego do campo. Se o país tivesse somente a produção familiar, ainda assim seria um gigante da agricultura e figuraria como oitavo maior produtor de alimentos do mundo. “A experiência tem mostrado que é possível gerar renda na agricultura familiar, melhorar indicadores de qualidade de vida, reduzir o desmatamento e a emissão de carbono, promovendo a restauração florestal”, concluiu mencionando casos de agricultura familiar em cultivos de cacau, café e algodão que contam com o apoio da Solidaridad Network.

Pensar o futuro do uso da terra no Brasil é, portanto, fundamental e o país precisa se planejar desde já. No entanto, é preciso também estar atento à momentos de oportunidades que possam fortalecer a agenda de clima, florestas e agricultura hoje e ajudar a concretizar as expectativas da Coalizão Brasil amanhã.

Por isso, o movimento tem se dedicado a construir a Plataforma Eleições 2018. Como anunciado na Plenária, a Plataforma será composta por 28 propostas, construídas com base no Livro Verde da Coalizão Brasil, que podem ser executadas em um mandato de quatro anos. Esse documento será apresentado aos principais candidatos às eleições deste ano, com o objetivo de influenciar os planos de governo e também a gestão do próximo governo eleito. Para conversar sobre essas propostas, foi promovida uma mesa de debate na Plenária, com a participação de João Paulo Capobianco, membro do conselho diretor do IDS que facilitou a elaboração da Plataforma Eleições 2018 junto ao Grupo Estratégico (GE), José Luciano Penido, presidente do conselho de administração da Fibria, Luana Maia, coordenadora executiva da Coalizão Brasil, Marcelo Vieira, presidente da Sociedade Rural Brasileira e Rachel Biderman, diretora executiva do WRI Brasil [clique aqui para saber mais sobre o debate da Plenária sobre a Plataforma Eleições 2018].


Mudança de facilitação

No encerramento da Plenária foi anunciada uma mudança na governança da Coalizão Brasil. Marcelo Furtado se despediu da facilitação do movimento, mas seguirá próximo como membro do GE. Desde janeiro, André Guimarães tem exercido o papel de cofacilitador, ao lado de Furtado e, agora, passa a dividir essa representação com Luiz Cornacchioni, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).

O momento de troca de facilitação foi conduzido por José Luciano Penido, que além de membro do GE é um dos fundadores da Coalizão Brasil e presidente do conselho de administração da Fibria.

Coalizão Brasil homenageou Furtado com o mosaico abaixo, que ilustra o agradecimento de alguns membros à liderança e inspiração do ex-facilitador que ajudou a levar a agenda de clima, florestas e agricultura ainda mais longe. Confira aqui a mensagem de despedida de Furtado.

Assine nossa Newsletter
Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi realizada com sucesso.