02/2020

Tempo de leitura: 5 minutos

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Coalizão faz balanço da COP 25 e alinha próximos passos na agenda internacional de clima em 2020

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Plenária de encerramento da COP 25. Foto: UNclimatechange

Com a participação de cerca de 70 pessoas em um webinar, no dia 22 de janeiro, a Coalizão Brasil realizou um balanço da 25ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 25) e definir os próximos passos do movimento na agenda internacional de Clima em 2020. Este ano, além da COP do Clima, que acontecerá em novembro em Glasgow (Escócia), haverá também a 15ª Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB), em Kumning, China, em outubro, outro momento chave para a agenda.

Fernanda Macedo, coordenadora de Comunicação e Advocacy do movimento, apresentou um panorama geral da COP, incluindo a importância do espaço Brazil Climate Action Hub, promovido pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS). O local foi o principal palco das discussões de representantes brasileiros da sociedade civil organizada, setor privado, acadêmicos, congressistas e também de representantes do Executivo. Foi a primeira vez que o país não teve um espaço oficial do governo na área dos pavilhões dos países na COP. Foram realizados ali 59 eventos e três reuniões, com 200 brasileiros presentes. No total, passaram pelo Hub cerca de 400 pessoas de 65 organizações diferentes.

A COP 25 foi o evento de maior atuação da Coalizão Brasil, desde que o movimento começou a marcar presença nas Conferências do Clima, em 2015, em Paris. Desta vez houve participação, inclusive, no Forest Day, parte da programação oficial da UNFCCC. Em parceria com a organização chinesa Global Environmental Institute (GEI), a Coalizão promoveu um side event sobre a importância da agenda de produção e conservação em ambos os países.

No Hub brasileiro, a Coalizão Brasil realizou eventos que contaram com representantes do Ministério da Agricultura e do BNDES (sobre financiamento do uso sustentável da terra), membros do Congresso Brasileiro e ex-ministros do Meio Ambiente (sobre a convergência da agenda agroambiental no Brasil) e da iniciativa Amazônia Possível (sobre a importância da rastreabilidade da carne e das ações empresariais pela Amazônia).

“Acompanho a COP há mais de 10 anos e, em Madri, aconteceu a participação mais forte da sociedade civil brasileira, com empresas, líderes de associações, coletivos, agências e organizações. Isso dá a dimensão da importância do tema na agenda brasileira”, comentou André Guimarães, cofacilitador do movimento e diretor-executivo do IPAM.

Veja mais detalhes sobre a participação da Coalizão na COP 25 no último boletim.

Sobre as negociações oficiais, Guimarães destacou como ponto negativo a não conclusão de negociação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que trata do mercado de carbono. “Foi frustrante, porque havia expectativa de já termos a regulação do mercado de carbono. Nós temos um potencial enorme no Brasil para uso da terra e restauração florestal, mas nem houve discussão sobre isso e o tema foi adiado mais um ano”, comentou.

Luiz Cornacchioni, também cofacilitador da Coalizão Brasil e diretor-executivo da Abag, acredita que a presença marcante da sociedade civil foi importante e uma mostra de preparo para a discussão do tema das mudanças climáticas. “Foi um time muito robusto e devemos agora nos preparar para a próxima COP”, disse.

Encaminhamentos para a COP de Glasgow

A partir das contribuições dos diversos participantes do webinar, a Coalizão destacou encaminhamentos a serem feitos a partir de agora e que devem conduzir as discussões até a COP 26, em Glasgow.

Confira os principais pontos:
– Criação de um grupo da Coalizão para elaborar a estratégia de atuação do movimento na agenda internacional de clima em 2020, com objetivos, entre outros, de alinhar mensagens-chave do Brasil e contribuir com os debates sobre o aumento da ambição dos países e da NDC brasileira;

– Reforçar o diálogo e o alinhamento dessa estratégia com o Ministério da Economia, Congresso Brasileiro, BNDES, Ministério da Infraestrutura e também com os champions da COP (desde o Acordo de Paris, a cada COP são indicados dois “campeões” da conferência, que têm como papel conectar governos com as muitas iniciativas criadas por regiões, cidades, empresas e investidores);

– Buscar ativamente a aproximação com entidades do setor privado que estejam alinhadas à visão do movimento;

– Realizar uma reunião de articulação da Coalizão com governadores da Amazônia ainda no primeiro semestre de 2020;

– Iniciar processo na Coalizão com vistas à participação na Conferência para a Diversidade Biológica – CBD 2020, com destaque para a pauta de bioeconomia;

– Promover um segundo webinar da Coalizão após a reunião do SBSTA (Órgão Subsidiário de Aconselhamento Científico e Tecnológico, que presta aconselhamento e provê a COP com materiais técnicos, científicos e metodológicos), em junho;

– Viabilizar novamente um espaço para a sociedade civil na COP 26.

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