12/2021

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Coalizão leva discussão sobre uso da terra e conservação à COP 26

Movimento também participou de debates sobre agropecuária e restauração no Brazil Climate Action Hub e no Global Landscapes Forum

Painel 1 2

“O Brasil é como nenhum outro país do mundo, cheio de oportunidades no uso da terra. Mas o país precisa ser desenvolvido de forma sustentável, com justiça e integridade social.” Com essa frase, Marcello Brito, cofacilitador da Coalizão Brasil e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), encerrou o evento “O futuro da Amazônia: conciliando produção agropecuária e conservação da floresta”, organizado pela Coalizão e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) em 8 de novembro, na COP 26, a Conferência do Clima, em Glasgow. O debate aconteceu no Brazil Climate Action Hub, espaço patrocinado pelo Ipam, Instituto Clima e Sociedade (iCS) e pelo ClimaInfo.

O evento foi dividido em dois painéis. O primeiro deles, com o tema “Uso e ocupação da terra: histórico e contexto atual”, contou com a participação de Helder Barbalho, governador do Pará, Ana Paula Santos, coordenadora de projetos da Fundação Viver, Produzir e Preservar, Ane Alencar, diretora científica do Ipam, e Cristiano Teixeira, CEO da Klabin. A moderação foi de André Guimarães, diretor-executivo do Ipam e integrante do Grupo Estratégico da Coalizão.

Guimarães abriu o debate lembrando que o Brasil se tornou grande produtor de alimentos a um alto custo para o meio ambiente, mas que é possível aliar produção e conservação. “Chegamos em 2021 como um grande produtor e exportador de alimentos. Mas o custo ambiental que tivemos representou a ocupação de 50% do Cerrado e de 20% da Amazônia. Então, esse modelo, que nos trouxe até aqui, terá de ser revisto e atualizado”, afirmou.

Ane Alencar, do Ipam, lembrou em sua fala que, do total de florestas desmatadas, mais de 75% aconteceram nas últimas quatro décadas. “Agora temos de trabalhar na intensificação e melhor uso da terra”, disse.

Nesse sentido, Ana Paula Santos, da Fundação Viver, Produzir e Conservar, destacou que é preciso resolver alguns passivos que estão presentes mesmo na agricultura familiar. “É necessário que o estado financie práticas sustentáveis no campo. A Amazônia tem grandes assentamentos, mas estão à míngua, sem qualquer incentivo para produção sustentável”, afirmou.

Helder Barbalho, governador do Pará, acredita que essas demandas têm boa perspectiva de atendimento com trabalhos como o do Consórcio dos Governadores da Amazônia Legal. “Temos debatido uma construção uníssona, que leve em consideração as realidades e peculiaridades de cada estado.”

O segundo painel, “Visões de futuro: caminhos para soluções”, contou com Alessandra Fajardo, líder de Relações Institucionais da Bayer para a América Latina; Glenn Bush, cientista assistente da Woodwell Climate Research Center (EUA); Rodrigo Botero, fundador e diretor da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável, da Colômbia; Andreas Dahl-Jørgensen, diretor da Norway’s International Climate and Forest Initiative (NICFI); e moderação de Marcello Brito.

Os participantes internacionais reforçaram a importância do Brasil na cadeia alimentar mundial e a necessidade de virada para uma produção que conserve os biomas do país para o bem das florestas, dos povos que ali vivem e da própria produção agropecuária.

“Com o aquecimento global, há possibilidade de redução de água, com uma previsão de 15% a 25% de redução em áreas mais úmidas”, disse Glenn Bush. “Para a economia agrícola, no cenário extremo de modelagem, pode-se ter um declínio de 45% da produção, em comparação aos números atuais. Um grave problema.”

Mais participações na COP

A Coalizão também esteve presente em outros eventos da Conferência do Clima no Brazil Climate Action Hub. Em um deles, “União pela Restauração: TNC, WRI Brasil, CI e WWF-Brasil juntos pela Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica”, foram apresentadas iniciativas dessas organizações em restauração.

“Nossas organizações viram que trabalhar juntas nos faria chegar mais longe. A União pela Restauração é inovadora porque aposta em uma estrutura de baixo para cima e não competimos por recurso. Nos comprometemos com iniciativas já existentes e trabalhamos com as organizações locais nos biomas”, explicou Miguel Moraes, diretor sênior da CI Brasil.

Junto ao Imaflora e o CDP Latin America, a Coalizão organizou o painel “Soluções para ganho de escala de práticas de baixa emissão de carbono na agropecuária brasileira”, que teve a participação de Juliana Lopes, do Grupo Executivo da Coalizão e diretora de ESG, Comunicação e Compliance da Amaggi.

A Coalizão marcou presença também no lançamento da Iniciativa Clima e Desenvolvimento, em 6 de novembro, da qual o movimento é membro.

Evento paralelo

De forma simultânea à COP, aconteceu a conferência Global Landscapes Forum Climate: Frontiers of Change, na Universidade de Glasgow. Marcello Brito, cofacilitador da Coalizão, foi o convidado para a plenária de encerramento.

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