Fotos: Chiaki Karen Tada
Mais de 70 pessoas participaram da segunda reunião plenária de 2016 da Coalizão Brasil, realizada em 30 de junho, na sede da Sociedade Rural Brasileira, na capital paulista. O encontro durou cerca de quatro horas e focou em clarear critérios de governança, bem como reforçar a importância da capacidade de realização do movimento. Dentro desse contexto, a atuação dos Grupos de Trabalho (GTs) – que tem evoluído rapidamente ao longo do primeiro semestre – recebeu atenção especial, com apresentações específicas, seguidas de debates.
Os resultados iniciais de uma pesquisa online, realizada entre os membros da Coalizão Brasil, ratificaram parâmetros sobre a composição do Grupo Orientador (GO) – fundadores, coletivos de organizações da sociedade civil, associações setoriais; quantidade de membros (idealmente 15); possibilidade de substituição dos titulares por suplentes (em um terço das reuniões); duração de mandato (dois anos); e troca alternada de membros do GO e do facilitador. Recentemente, Marcelo Furtado, diretor executivo do Instituto Arapyaú, passou a ocupar essa função, até então exercida por Roberto Waack, presidente do conselho do WWF Brasil e sócio da Amata.
Nessa parte da reunião, também foram abordados os perfis do facilitador, de membros do GO e dos GTs. Prevaleceu a percepção geral de que a governança da Coalizão Brasil deve se pautar pela construção de um ambiente de confiança e transparência, sem excesso de burocratização do seu modus operandi, mantendo sempre a flexibilidade, de maneira que se possa acolher bem a diversidade de atores que caracterizam o movimento.
Mauricio Voivodic, gerente de projetos do Imaflora e líder do GT Economia da Floresta Tropical, destacou: “Fluxo de informação e transparência geram confiança, e essa é a base das decisões tomadas em um grupo como este. Não devemos caminhar para engessamento em processos complexos e sofisticados de tomada de decisão”.
A plenária teve um momento de reflexão sobre o que motiva os membros a se dedicarem ao movimento. Em seguida à fundação da Coalizão, havia um entendimento, por parte de alguns, de que prestavam trabalho voluntário. Isso foi conversado agora. “Para nós, trata-se de um empenho por uma agenda em comum. É uma atuação da organização ou da empresa à qual pertence cada representante, motivada por uma agenda que também é interessante para a instituição e para o indivíduo”, salientou a coordenadora Luana Maia. O ponto de vista foi reforçado, entre outros, por Marcelo Vieira, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Essa é uma coalizão de organizações. Estamos sempre representando uma entidade que contribui para a causa da economia de baixo carbono e, portanto, não se trata de um trabalho pessoal ou voluntário.”
Em seguida, boa parte do tempo foi dedicada aos GTs, que detalharam, um a um, seus objetivos para 2016, apresentados no seminário do Museu do Amanhã, junto com o lançamento da publicação “Pós-Acordo de Paris: Caminhos para Implementação da Economia de Baixo Carbono”, que acaba de ser vertida para o inglês (veja aqui). Os líderes dos grupos explicaram como vão atuar para que tais objetivos sejam cumpridos.
Dois temas se destacaram nessa etapa: a necessidade de discutir que tipo de Reserva Legal é necessária para o país avançar na agenda de baixa emissão de carbono, e a forma concreta de auxiliar agricultores familiares e pequenos proprietários rurais na inscrição do Cadastro Ambiental Rural (CAR). A dinâmica dos GTs foi tema de uma apresentação da Mirow, que realizou um PMO pro bono, com o propósito de aprimorar os fluxos de trabalho.
Além dos sete GTs que trabalham com as 17 propostas da Coalizão Brasil, um oitavo grupo, o GT de Advocacy, apresentou suas ações junto aos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. “Temos identificado quais são os principais atores com quem precisamos conversar e, em seguida, organizamos reuniões com a presença de vários representantes da Coalizão. Precisamos receber esse tipo de demanda também dos GTs”, destacou Luana Maia.
No encerramento, o facilitador Marcelo Furtado afirmou que as plenárias têm um papel fundamental. “Nessa reunião em particular, conseguimos fazer duas lições de casa muito importantes: dar mais clareza à questão da governança e às entregas da Coalizão, concretamente, como os GTs vêm atuando.” Segundo ele, na próxima plenária, marcada para 6 de outubro, mais tempo será dedicado à escuta dos presentes, assim como um momento para networking, pedido demandado pelos participantes.