05/2021

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Mapeamento revela como o setor privado usa dados de desmatamento para tomar decisões

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Foto: Altomedia/123RF.com

Um levantamento feito pela Força-Tarefa de Dados de Desmatamento da Coalizão Brasil com 60 diferentes instituições do setor privado do setor de agroindústria e florestas, consultorias, instituições de pesquisa e mesmo órgãos governamentais e não governamentais mostrou que 90% avaliam os números do desmatamento na hora de tomar decisões de negócios. O mapeamento “Como o Setor Privado Usa Dados de Desmatamento”, realizado entre outubro e dezembro de 2020, também identificou as lacunas e principais dúvidas que existem sobre o uso dessas informações.

Um dos objetivos dessa iniciativa foi entender em que ações o Fórum de Desmatamento da Coalizão pode se engajar para contribuir com o setor privado no combate ao desmatamento. Embora não seja possível afirmar que o levantamento representa o perfil de uso de dados de todo o setor privado brasileiro, ele traz pistas importantes sobre como as empresas têm utilizado esta informação.

As respostas coletadas mostram, por exemplo, que os dados sobre desmatamento são consultados para implantação de novos negócios ou operações (64%), monitoramento de fornecedores (36%), monitoramento das áreas produtivas de propriedade da empresa (25%), avaliação de risco de crédito (23%) e monitoramento da carteira de crédito (20%). Para a Força-Tarefa, esses resultados mostram que esse tipo de informação é de grande importância, pois é usado para diversas finalidades. Um a cada quatro (24%) participantes relatou que utiliza esses dados diariamente, e uma fração semelhante (25%) disse usar mensalmente. As fontes mais consultadas são o Prodes Amazônia, o DETER, o Prodes Cerrado, o Terraclass e o MapBiomas.

Lacunas e dúvidas apontadas

Os respondentes também foram convidados a dizer quais eram suas principais dúvidas e necessidades com relação aos dados. A mais citada foi a dificuldade em obter informações sobre o ocupante (CPF/CNPJ) das áreas com desmatamento. Outros pontos identificados incluem a dificuldade em verificar a legalidade do desmatamento e o de fazer um cruzamento de dados com outras informações, como os de atividades produtivas, infraestrutura, financiamento bancário e impacto na biodiversidade e água.

Alguns respondentes também afirmaram que seria importante haver uma simplificação na forma de disponibilizar e acessar informações, com dados já tratados e agregados por mês, por exemplo, para que eles possam ser usados diretamente em suas análises, sem depender de contratação de consultorias especializadas.

Outro tipo de dificuldade relatada é em relação à atualização, escala ou detalhamento dos dados. Surgiram também dúvidas quanto à data exata de ocorrência dos desmatamentos e à disponibilidade de dados sobre desmatamento em biomas como Pampa, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga. Por fim, houve questionamentos sobre a credibilidade dos dados oficiais, devido ao risco de interferência política nos órgãos responsáveis pela geração dessas informações.

Tais dúvidas e dificuldades mostram que é preciso maior transparência nos dados disponíveis e elaborar materiais informativos e realizar treinamentos e capacitação.

Como um primeiro desdobramento dessa ação, a FT de Dados de Desmatamento realizou, no dia 25 de maio, uma reunião on-line, com a participação de cerca de 40 pessoas, para discutir os resultados do mapeamento e definir os próximos passos para contribuir com as soluções para as dúvidas e desafios identificados.

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