Marcelo Furtado, cofacilitador da Coalizão Brasil reforçou a necessidade de se pensar em uma visão de longo prazo para o uso do solo no país, durante sua fala no evento de lançamento das Plataformas.
Foto: Paulo de Araújo/flickr MMA
Os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente lançaram, em 28 de abril, duas ferramentas que podem ajudar o Brasil a cumprir seus compromissos climáticos: a Plataforma Multi-Institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa na Agropecuária (Plataforma ABC) e a Plataforma WebAmbiente.
O evento de lançamento foi resultado de diversas reuniões que a Coalizão Brasil tem realizado com ambos os ministérios desde o início do ano, em um esforço para encaminhar demandas do movimento.
Estavam presentes o ministro Blairo Maggi, o novo secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Edson Duarte; o presidente da Embrapa, Mauricio Lopes; a secretária de extrativismo e desenvolvimento rural sustentável do MMA, Juliana Simões; o diretor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Pedro Neto; o presidente da CNA, João Silva Martins; e o cofacilitador da Coalizão Brasil, Marcelo Furtado.
O Plano ABC – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, está universalizado no país, faltando apenas a adesão de Roraima, que não aderiu devido à crise política no estado.
O objetivo da Plataforma ABC, lançada no evento, é mensurar o ganho real em termos de carbono do Plano ABC. “Por meio dela [Plataforma ABC], faremos medições da quantidade de carbono no solo antes e depois da aplicação de tecnologias. Isso nos mostrará a quantidade de carbono que não foi lançado na atmosfera”, disse o presidente da Embrapa, Maurício Lopes.
Ainda falta definir os detalhes desse monitoramento. Esse será o objetivo das próximas reuniões do Comitê Diretor da Plataforma, principal instância de governança, do qual a Coalizão Brasil e alguns membros fazem parte. A equipe da Embrapa Meio Ambiente, que fará o monitoramento, ficará em Jaguariúna (SP).
Foi anunciada também a Plataforma WebAmbiente, que irá ajudar a adequação ambiental dos produtores ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), trazendo exemplos de boas práticas, estratégias e a lista de espécies nativas em todos os biomas.
A plataforma apresenta soluções tecnológicas personalizadas para ajudar o produtor a cumprir o que está previsto em legislações como a do Código Florestal.
Juliana Simões, secretária de extrativismo e desenvolvimento rural sustentável do MMA, disse que o produtor interessado pode fazer uma simulação pela plataforma, a partir das características e localidades de sua área, com a ajuda de imagens de satélite. “Essas imagens irão apontar com precisão a área que pretende recompor e qual é o bioma em que a propriedade está inserida, de forma a sugerir as espécies que podem ser usadas. Ele terá também formações climáticas que o ajudarão a definir a época adequada para o plantio, além de ter à disposição tecnologias para a área de uso restrito e alternativo do solo”, explicou.
Durante o lançamento das plataformas, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, mencionou que essas plataformas serão importantes para que o Brasil possa comprovar, com dados, seu desempenho em relação aos compromissos climáticos internacionais. O ministro reforçou também a importância de uma agenda conjunta entre meio ambiente e agricultura.
Para o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, Edson Duarte, o lançamento dessas ferramentas significa, na prática, ações e iniciativas que irão colaborar para uma economia de baixo carbono competitiva. “As agendas ambiental e agrícola têm que caminhar juntas, como caminham naturalmente. Ao proteger as florestas, garantimos regime de chuvas no país, o que é fundamental para manter essa potência agrícola que é o Brasil”, disse. [leia aqui a entrevista concedida pelo secretário executivo à Coalizão Brasil após o evento]
Marcelo Furtado, da Coalizão Brasil, afirmou que “é fundamental ter uma visão de país para florestas e agricultura. O Brasil é a potência mundial do uso da terra e suas oportunidades vão além da produção global de alimentos. Precisamos substituir produtos derivados do petróleo e a biodiversidade terá um papel importante. O Brasil precisa pensar uma estratégia para essa transição”. Furtado afirmou que a Coalizão Brasil apoia o lançamento dessas plataformas e que ainda temos muita “lição de casa a ser feita até o fim de 2018”, referindo-se, por exemplo, a avanços necessários na regulamentação dos serviços ambientais, pauta das reuniões da Coalizão Brasil com os ministérios.