03/2021

Tempo de leitura: 7 minutos

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Observatório apresenta dados sobre restauração e reflorestamento em todos os biomas brasileiros

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O Brasil já conta com sistemas de monitoramento do desmatamento reconhecidos internacionalmente por sua eficiência. Porém as informações sobre restauração e reflorestamento ainda eram uma incógnita. Parte das respostas começam a aparecer agora, com o Observatório da Restauração e Reflorestamento, lançado em 9 de março pela Coalizão Brasil com apoio de WRI Brasil, Imazon, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e TNC.

O projeto, resultado do trabalho da Força-Tarefa de Monitoramento da Restauração e Reflorestamento da Coalizão Brasil, foi apresentado durante o evento de lançamento, transmitido pelo Youtube da Coalizão, e já teve mais de 1.600 visualizações. O observatório recebeu atenção da imprensa e foi tema de reportagens publicadas em veículos como GlobonewsO Estado de S.PauloGlobo Rural e a rádio CBN, entre outros. Também foi preparado um vídeo que apresenta a plataforma.

Assista ao vídeo que apresenta e explica o Observatório de Restauração e Reflorestamento.


A plataforma reúne em um só lugar dados georreferenciados de projetos que foram coletados em campo com o que há de melhor da tecnologia de monitoramento via satélite. Com um panorama completo da restauração, do reflorestamento e da regeneração natural em todos os biomas, o Brasil será capaz de acompanhar a evolução de compromissos de restauração e reflorestamento assumidos em iniciativas internacionais. Para as empresas privadas, é mais uma ferramenta para rastrear cadeias de produtos florestais ou verificar o cumprimento de suas políticas de sustentabilidade, bem como para monitorar áreas de restauração para fins de compensação ambiental.

“É um momento de celebração, porque o Brasil, pela primeira vez, terá um espaço para reportar avanços de restauração e reflorestamento”, afirmou, na abertura, Rachel Birdeman, cofacilitadora da Coalizão e vice-presidente para América Latina da Conservação Internacional (CI). “Isso será muito importante para o mapeamento de iniciativas que permitem monitorar o cumprimento da meta climática brasileira e deve gerar oportunidade de bons negócios no país”. Biderman lembrou que o país tem compromissos assumidos internacionalmente, como o Acordo de Paris, a Declaração de Nova York, a Iniciativa 20×20 e o Desafio de Bonn. Também auxiliará na implementação do Código Florestal.

Em seguida, Marcelo Matsumoto, analista de pesquisa GIS do WRI Brasil e um dos líderes da FT, explicou os objetivos da criação da plataforma e como foi organizada e desenvolvida. “Nós queremos dar visibilidade aos projetos de restauração de forma mais ampla, com dados confiáveis e de forma transparente”, salientou.

Milena Ribeiro, especialista em geoprocessamento da TNC e também líder da FT, apresentou a plataforma à audiência do webinar. Segundo ela, o observatório já mapeou 79,13 mil hectares de restauração nativa com finalidade ecológica, cerca de 11 milhões de hectares em processo de regeneração natural (ou seja, com espécies nativas) e 9,35 milhões de hectares de reflorestamento com monoculturas exóticas. Todos esses dados já estão disponíveis on-line.

Ribeiro explicou que a plataforma conta com duas interfaces com o usuário: uma delas apresenta os dados principais de forma simples e direta, para o público em geral; a outra traz ferramentas para filtrar as áreas por biomas, regiões, estados e municípios, oferecendo aos gestores públicos e demais interessados um instrumental robusto para melhor planejar e dar escala à restauração.

Com isso, o site torna possível identificar geograficamente quais as áreas que já contam com projetos de restauração, reflorestamento ou regeneração natural – informação crucial para acompanhar a permanência e sucesso dessas iniciativas, assim como planejar novos plantios. A especialista ainda complementou: “Agora, o próximo passo será alimentar o banco de dados com mais informações. Também estamos pensando em implementar novos indicadores, como os sociais, estimativas de sequestro de carbono, entre outros”.

Transparência e visibilidade a dados e iniciativas de restauração

O evento de lançamento teve a participação de representantes de empresas e organizações que contribuíram com a plataforma. O mediador desse bate-papo foi Edson Santiami, especialista em geoprocessamento e membro do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. Marcos Sossai, gerente de Programa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (Seama-ES), foi o primeiro convidado a falar e ressaltou a importância da transparência da ferramenta: “A plataforma permite mostrar os dados para toda a sociedade de forma simples e eficaz”, elogia.

Claudio Dupas, coordenador do Núcleo de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental da Superintendência em São Paulo do Ibama, concordou. “O observatório vai dar visibilidade a todas as iniciativas, como nossos projetos de recuperação de áreas degradadas, por exemplo. Será uma ferramenta essencial no acompanhamento das metas assumidas por nós.”

Danielle Celentano, gerente sênior de Restauração de Paisagens e Floresta da CI e secretária executiva da Aliança pela Restauração da Amazônia, enfatizou a importância do monitoramento espacial da Floresta Amazônica por meio da plataforma. “Nós já identificamos 2.773 iniciativas de restauração do bioma amazônico, somando mais de 100 mil hectares”.

Rafael Baroni, coordenador de Meio Ambiente Florestal da Suzano, também aposta no desenvolvimento de tecnologias com sensoriamento remoto para acompanhar a restauração em larga escala em vários pontos no Brasil. “Com essa ferramenta, poderemos predizer onde a regeneração natural vai dar certo, para colocar o investimento nas áreas que realmente precisam ser restauradas.” A mesma linha de pensamento foi seguida por Márcio Macedo, da área de Meio Ambiente do BNDES: a plataforma ajudará no trabalho operacional de análise e acompanhamento de projetos financiados pelo banco. “Também será útil para outras instituições financeiras que apoiam iniciativas de restauração, reflorestamentos e regularização ambiental”.

Agenda de restauração e reflorestamento

O observatório faz parte de um conjunto de ações da agenda de restauração e reflorestamento em que Coalizão Brasil tem atuado fortemente nos últimos meses, especialmente por meio do Fórum de Diálogo Floresta Nativa.

No dia 13 de abril, por exemplo, será lançado o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de Silvicultura de Espécies Nativas, que vem sendo desenvolvida por uma FT dedicada ao tema e em parceria com o WRI Brasil. O programa deve abranger informações sobre sementes e mudas, melhoramento genético, manejo, produtos e mercados, política e legislação e resultados projetados e custos. Em julho de 2020, a FT promoveu um webinar para debater oportunidades e lacunas nesse setor e explicou o que se espera dessa iniciativa.

Acompanhe a atuação do Fórum Floresta Nativa e das FTs relacionadas ao tema da restauração na Plataforma do Plano de Ação.

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