05/2022

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Pesquisa aponta como é a percepção sobre temas indígenas pela sociedade

No estudo, Coalizão foi a organização mais lembrada como referência para temas climáticos e ambientais por representantes do agronegócio

66 povos indigenas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Coalizão Brasil foi mencionada como uma das principais referências sobre temas climáticos e ambientais em uma pesquisa sobre as percepções que diferentes setores da sociedade têm sobre os povos indígenas do país. O movimento está elencado entre as organizações mais lembradas por representantes do agronegócio. O levantamento constatou mudanças na visão sobre os povos nativos ao longo da última década.

O estudo “Narrativas Ancestrais, Presente do Futuro” foi elaborado com base em análises de documentos, redes sociais, cobertura da imprensa e em 350 entrevistas realizadas com públicos engajados e não engajados com as questões indígenas e buscou analisar como as narrativas evoluíram no tempo. A pesquisa foi idealizada e coordenada pela jornalista Cristiane Fontes, da Amoreira Comunicação, e teve o apoio da Ford Foundation e Iris, além de parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a empresa de pesquisa e inteligência de mercado Ipsos.

“Queríamos abordar as narrativas, entender como uma história, um storytelling, ajudam a avançar no debate público (sobre a temática indígena)”, afirma Cristiane.

Entre os públicos engajados, o protagonismo e o processo de ocupação de espaços com vozes dos próprios indígenas, o aumento expressivo de estudantes indígenas nas universidades, da diversidade de influenciadores digitais e comunicadores indígenas nas redes sociais e da emergência de artistas e pensadores indígenas foram descritos como grandes novidades da última década.

Segundo o estudo, as entrevistas com os públicos não engajados revelaram um profundo desconhecimento e distanciamento da importância e da realidade dos indígenas na atualidade. Embora organizações internacionais como o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já reconheçam a importância dos direitos territoriais dos indígenas para a agenda climática, esta relação segue desconhecida ou incompreendida.

O estudo também levantou quais são as organizações mais reconhecidas ou lembradas pelo público por seu trabalho em prol dos povos originários. A mais citada foi a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), seguida do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O Instituto Socioambiental (ISA), a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e o Greenpeace também foram lembrados pelos respondentes.

A pesquisa buscou ainda identificar que entidades são mais lembradas em temas mais amplos, relacionados à mitigação climática e agenda climática-ambiental. A Coalizão foi a principal organização citada por representantes do agronegócio, seguida por WWF e The Nature Conservancy (TNC).

Para Cristiane, o fato de a Coalizão mencionar os povos indígenas em alguns documentos pode ajudar a trazer visibilidade para o tema, em especial àquele relacionado a direitos de diferentes usos da terra, sendo que o direito territorial é uma das principais demandas dos povos indígenas.

Engajamento de lideranças empresariais

Ainda segundo Cristiane, uma parte das lideranças empresariais está atenta ao tema:

“Quando você pega uma parte dos públicos não engajados, como as lideranças empresariais, apenas aquelas que estão trabalhando com cadeias de suprimento e mercados internacionais já enxergam que não há como evitar essa agenda (das questões indígenas)”, afirma Cristiane.

O “protagonismo indígena” e o debate público para solucionar questões como conflitos fundiários ainda não são reconhecidos.

A pesquisadora também aponta que muitas lideranças não enxergam os territórios indígenas e sua conservação como parte das soluções climáticas e da prosperidade do país.

“Para o próprio futuro do agronegócio, seria importante pensar em como este setor poderia se aproximar dessa agenda, incorporá-la e, principalmente, tratar das questões relacionadas a conflitos fundiários”, avalia.

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