10/2021

Tempo de leitura: 3 minutos

Compartilhar

Senado adota meta equivocada para redução de emissões

Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento multissetorial composto mais de 300 empresas, organizações da sociedade civil, setor financeiro e academia, vê com preocupação a aprovação no Senado Federal do projeto de lei (PL) 1.539/2021, que alterou a Política Nacional sobre Mudança do Clima. O texto abre margem para que o país possa inclusive aumentar suas emissões no futuro, uma vez que propõe que haja uma redução a partir de uma base incerta e passível de interpretações diversas, descrita como “redução das emissões projetadas até 2025”, indo, assim, na contramão das necessidades do país e do planeta, que demandam reduções efetivas em relação ao que se emite atualmente.

Coalizão Brasil julga que o novo texto deve manter, como base para os cálculos, uma linha de base existente e não projetada, tal como acontece na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil apresentada junto a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). Na NDC, a linha de base são as emissões registradas no país em 2005.

É importante que o Congresso Nacional se engaje na redação de um compromisso climático mais ambicioso, tal como foi sugerido pela Coalizão Brasil no relatório “Recomendações para a COP 26”, divulgado na semana passada. O país precisa apresentar uma revisão clara e contundente de sua meta de redução de emissões, detalhando planos e recursos que serão empenhados para esta finalidade.

Nesse sentido, é louvável a proposta, constante nas versões originais do PL 1.539/21, de antecipar para 2025 a meta de redução de 43% da emissão de gases de efeito estufa, mas desde que essa redução tome como base o ano de 2005 – ou ano mais recente já inventariado, e não uma nebulosa projeção de aumento futuro.

O Brasil é criticado desde o ano passado pela comunidade internacional por não ter ampliado suas metas para redução de emissões até 2030. A apresentação de um novo compromisso na Conferência do Clima de Glasgow é fundamental para mostrar o país como um ator verdadeiramente comprometido com a restrição do aumento da temperatura global, evitando o colapso ambiental previsto já para as próximas décadas pelo último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, divulgado em agosto.

O planeta está diante de uma contagem regressiva que pode levar à falência de ecossistemas e extinções em massa. Cabe ao Brasil posicionar-se como uma liderança nos esforços que combaterão uma potencial sucessão de catástrofes naturais.

Assine nossa Newsletter
Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi realizada com sucesso.