06/2018

Tempo de leitura: 6 minutos

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Seminário apresenta dados científicos sobre uso da terra e demonstra a liderança do Brasil no tema

Foto: Clóvis Fabiano

Coalizão Brasil promoveu um seminário científico sobre dados relacionados à dinâmica de cobertura de uso da terra, em 17 de maio de 2018, em São Paulo. O encontro reuniu cerca de 200 pessoas e contou com a participação de alguns dos maiores pesquisadores e especialistas em uso da terra do Brasil.

Confira o vídeo com as principais mensagens do dia.

Carlos Nobre, um dos idealizadores do seminário, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil, afirmou que “nós temos, no Brasil, uma enorme capacidade científica e tecnológica de gerar os melhores dados sobre as dinâmicas de usos da terra e esses dados podem ser utilizados por todos os setores, como o agronegócio, área ambiental, setor de fiscalização e Ministério Público”.

Os renomados pesquisadores e especialistas que participaram dos debates [clique aqui para ver a lista completa de painelistas] apresentaram as principais fontes de dados sobre uso da terra no país, como o IBGE, INPE, Terraclass AmazôniaTerraclass Cerrado, Conjunto de Informações do LAPIGMapbiomasAgrosatélite e PROBIO (Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira). No entanto, embora existam diversas fontes de informação, interpretações equivocadas sobre esses dados têm gerado preocupação.

Uma análise, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que dados da Nasa validam o dado do IBGE de cerca de 8% do território brasileiro ser ocupado por áreas de lavouras. No entanto, o seminário esclareceu que a fonte dos dados utilizada no artigo não foi a Nasa, mas sim a U.S. Geological Survey (USGS) e, além disso, tanto a USGS como o IBGE não conseguem contemplar nesses percentuais todas as áreas de pastagens. Por isso, é preciso considerar que a área total ocupada pela agropecuária no país é cerca de 32% do território brasileiro, segundo dados do MapBiomas.

“Existe muita polarização quanto à origem e uso das informações e o seminário é a porta de entrada para a gente começar esse diálogo e a discussão em torno do bom uso dos dados sobre uso da terra e cobertura florestal no Brasil”, disse Luana Maia, coordenadora executiva da Coalizão Brasil.

Segundo Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, o seminário tornou mais evidente a necessidade de intensificar a produção em áreas já abertas. “Existem cerca de 30 a 40 milhões de hectares de áreas que são de agropecuária, mas não estão ativas e, portanto, são de baixíssima produtividade”, afirmou Azevedo.


Comunicação, políticas públicas e investimento

Ter dados de qualidade é fundamental para um debate público transparente e para orientar a tomada de decisão em políticas públicas ou de investimento. Por isso, além de apresentar os dados científicos mais confiáveis, o seminário promoveu também painéis sobre a comunicação dessas informações, seu uso por gestores públicos e por instituições financeiras.

Natália Mazotte, diretora-executiva da Open Knowledge Brasil e líder da Escola de Dados, falou sobre a dificuldade de jornalistas ao lidar com bases distintas e da importância de quem gera dados científicos saber como disponibilizá-los. Herton Escobar, repórter do jornal O Estado de S. Paulo, trouxe o desafio de fazer com que o dado chegue como informação clara para a sociedade.

O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Raimundo Deusdará, comentou sobre o uso de dados da comunidade científica direcionado a políticas públicas e deu como exemplos os sistemas de informações, como o SICAR (Sistema de Cadastro Ambiental Rural), o SNIF (Sistema Nacional de Informações Florestais), entre outros.

Segundo Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, a mesa que reuniu instituições financeiras para debater dados sobre o uso da terra na avaliação de risco e oportunidades de investimentos mostrou como é importante criar novos incentivos. “A gente tem instrumentos econômicos para valorar e ajudar na área de agricultura, mas a floresta ainda está muito atrás. Temos que acelerar os instrumentos financeiros e os seguros para a área de florestas”, concluiu Toni.

Marcelo Furtado, cofacilitador da Coalizão Brasil à época do seminário, afirmou que “a questão do uso da terra é o futuro da economia brasileira, mas, para isso, ela tem que gerar emprego, renda, resolver a crise climática, alimentar o país com qualidade e com bem-estar.” André Guimarães, atual cofacilitador da Coalizão Brasil complementa dizendo que “o bom uso da terra, que vai determinar essa qualidade de vida, depende intrinsicamente de um planejamento estratégico, que a gente está tentando construir”. Guimarães fez referência ao desafio da Coalizão Brasil de construir nos próximos meses uma visão de longo prazo para o uso da terra no país, que seja capaz de mostrar ao mundo o potencial brasileiro de produzir alimentos e, ao mesmo tempo, assegurar os serviços ambientais das nossas florestas. Para isso, serão usados os dados apresentados no seminário.


Mais informações sobre o seminário:

Você pode assistir ao seminário na íntegra pelo canal da Coalizão Brasil no Youtube: Parte da Manhã: Abertura e painéis 1 e 2 e Parte da tarde: Painéis 3 e 4 e Encerramento.

As apresentações utilizadas pelos painelistas estão disponíveis na nossa biblioteca.

Um relatório completo com os principais debates do dia será lançado em julho.

Veja abaixo uma galeria de fotos dos melhores momentos do Seminário (Fotos: Clovis Fabiano)!

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