Cofacilitadora da Coalizão Brasil, Rachel Biderman afirma, em análise retrospectiva, que 2021 foi de muita proatividade e destaca o que está por vir neste ano
Foto: Divulgação
“Foi um ano muito proativo. Consolidamos um movimento mão na massa, que entrega resultados em temas urgentes.” Foi assim que Rachel Biderman, cofacilitadora da Coalizão Brasil, começou a avaliação de como foi 2021 para o movimento.
Ao fazer o balanço do último ano, Biderman, que é vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional (CI) e está na facilitação da Coalizão desde dezembro de 2020, destacou a série de posicionamentos, notas técnicas e recomendações para parlamentares e líderes de governo, para os negociadores brasileiros na Conferência do Clima de Glasgow (COP 26), para consultas de políticas públicas produzidas e entregues pelo movimento (disponíveis nas páginas de Posicionamentos e Publicações).
Biderman também abordou a relevância das entregas realizadas na área de restauração e reflorestamento, como a criação do Observatório da Restauração e Reflorestamento e do GT de Espécies Nativas em parceria com o governo do Espírito Santo, além do lançamento do Programa de P&D para Silvicultura de Espécies Nativas, fruto do trabalho de parcerias com vários atores.
“O lançamento da plataforma significou um salto muito grande para a economia florestal e de baixo carbono, já que plantar floresta contribui para o desafio climático”, afirmou. “Essa plataforma terá desdobramentos em 2022, pois conseguimos parceiros para elaborar uma fase pré-competitiva da silvicultura de nativas”, completou.
Na frente de advocacy, a cofacilitadora reforçou a importância do trabalho realizado com sugestões técnicas e melhorias para o Plano Safra e Plano ABC+. No Congresso, destacou a atuação em relação à Lei 14.119/2021, que instaura a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Além de ter acompanhado a tramitação do projeto, que culminou na aprovação da lei no final de 2020 e na sanção presidencial em janeiro de 2021, o movimento, em especial por meio da Força-Tarefa PSA, atuou de forma intensa pela derrubada dos vetos presidenciais. “Trabalhamos bem com os parlamentares e agora estamos promovendo a regulamentação da lei”, afirmou.
Outro grande destaque do ano foram os webinários preparatórios para a COP 26, feitos em parceria com o jornal Valor Econômico:
“Fizemos a coleta e consolidação de recomendações e divulgamos já perto da COP 26. Entre elas estão que o Brasil tenha mais ambição climática, promova justiça climática e inclua soluções baseadas na natureza como prioridade do país. É mais um marco para consolidar a nossa visão de médio e longo prazo para a agenda do clima.”
Além da COP, a Coalizão marcou presença no Global Landscapes Forum dedicado à Amazônia, em setembro. No entanto, Biderman avalia que a contribuição da Coalizão para a agenda internacional foi um pouco tímida e que não avançou tanto quanto se gostaria.
Segundo a cofacilitadora, outra iniciativa relevante para a Coalizão foi a criação da Força-Tarefa Código Florestal, para entender e alinhar tudo que estava sendo abordado em relação ao tema pelas diferentes FTs. “Assim será possível formatar uma narrativa que, quando formos falar sobre o Código Florestal, tenha tudo que a Coalizão precisa”. Isso é importante para organizar incidência política, afirmou.
“Somos um movimento que também atua em advocacy. Estamos próximos de alguns ministérios e fomos, inclusive, chamados para dar nossa contribuição ao Alok Sharma, presidente da COP 26, quando ele esteve no país.”
Biderman reforçou como a Coalizão reúne muitos líderes em vários espaços, seja no clima, no agro sustentável, na floresta sustentável, no terceiro setor, e que também atuam pela democracia. “Em muitos momentos, se ouvirmos as entrevistas dos representantes do movimento e analisarmos os posicionamentos, vemos uma posição de oposição a uma crise institucional, uma posição que busca a implementação das regras no país.”
Para este ano, a cofacilitadora conta que a Coalizão deve preparar uma ação relacionada ao tema das eleições, inclusive junto a outros coletivos. “Vamos soltar nossos posicionamentos, mas também aportar por meio desse coletivo maior”, disse ela. A maneira como isso será feito está em discussão junto ao Grupo Estratégico e Grupo Executivo.
Entre os temas em que o movimento deve atuar neste ano estão a fome e a sustentabilidade agroflorestal e climática.
“Acreditamos que, no centro do nosso trabalho em relação a clima, deve estar o tema da fome, que será central nos debates de 2022. Não conseguiremos avançar se não lidarmos com desigualdade e fome, porque são o lado social de tudo que estamos falando quando se trata de clima”, destacou.