10/2022

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Brasil está atrasado na criação de mercado regulado de carbono

País precisa dar passos mais concretos na elaboração de uma legislação efetiva, segundo José Carlos da Fonseca, durante evento realizado na Climate Week de Nova York

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Foto: Reprodução

A nova realidade climática mundial pede uma adequação do setor produtivo, e a descarbonização da economia aparece como um processo irreversível. Para debater as vantagens competitivas do Brasil nesse cenário e a regulação do mercado de carbono do país, aconteceu, no dia 23 de setembro, o painel “Oportunidades e desafios para um mercado regulado de carbono no Brasil”. O evento, organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com apoio da Coalizão Brasil, fez parte da programação da Climate Week de Nova York.

A mesa de debate contou com o cofacilitador da Coalizão, José Carlos da Fonseca; a gerente de Sustentabilidade da Ambev, Karen Tanaka; o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Ronaldo Seroa da Motta; e a head de Future Solutions da Future Carbon Group, Juliana Lopes. A moderação foi da assessora técnica da Câmara Temática de Clima do Cebds, Viviane Romeiro.

Atualmente, os mercados de carbono podem ser divididos em três categorias: o voluntário, em que cada companhia ou organização estabelece as próprias diretrizes; o da aviação civil, que segue a regulação do Sistema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional; e o de natureza jurídica, que configura o mercado regulado, que segue normas de compra e venda de créditos entre as nações para que cada país consiga cumprir suas metas de redução de carbono.

O último, do mercado regulado, é motivo de ansiedade – o Brasil está atrasado na definição de critérios e regulamentação do mercado e isso gera insegurança aos investidores, impactando a credibilidade do país no cenário internacional.

Em sua participação, José Carlos da Fonseca, que também é diretor-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), destacou o interesse dos representantes da indústria nas aplicações dos créditos de carbono, mas ressaltou que as respostas ainda são vagas. Para ele, o Brasil perdeu oportunidades de dar passos mais concretos na elaboração de uma legislação efetiva para um mercado regulado de carbono.

“O Brasil teve esperanças de avanço na legislação [para o mercado regulado] com o PL 528/2021, com chances de dar passos mais concretos na sua tramitação antes da COP 26, em Glasgow, mas o projeto acabou ficando em segundo plano. Depois sobreveio o decreto (decreto presidencial No 11.075, de maio de 2022), e é o que temos hoje. Alguns setores, inclusive o que faço parte, vêm trabalhando em algum desenho que pareça ser um acordo setorial. Mas é algo que precisa terminar de ser definido a nível federal. Estamos atrasados e precisamos correr atrás do tempo perdido”, afirmou Fonseca.

Apesar da atual falta de legislação, existe um consenso sobre o grande potencial do país nessa seara.

“Quando tudo estiver definido, com transparência completa do que deve ser feito, esse mercado vai ter grande sucesso, muito mais do que o mercado voluntário”, assegurou Ronaldo Seroa da Motta.

Confira o painel na íntegra aqui.

Durante a Climate Week, a Coalizão participou também de um painel que discutiu os desafios e as oportunidades de desenvolvimento sustentável da Amazônia.

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