05/2023

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Coalizão e Concertação lançam painel de dados sobre bioeconomia

Plataforma, criada com o apoio do Fundo JBS pela Amazônia, reúne informações sobre cacau, babaçu e açaí, mas está pronta para receber índices de outras cadeias

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Foto: Reprodução

Coalizão Brasil e a iniciativa Uma Concertação para a Amazônia criaram uma plataforma de dados da bioeconomia florestal no país, com o objetivo de organizar e integrar informações de modo a criar inteligência, orientar políticas e nortear investimentos nessa área. O lançamento ocorreu no dia 10 de maio, com o webinar “O valor da floresta em pé: integração de dados sobre a bioeconomia no Brasil”.

Chamado de Painel da Floresta, a plataforma, desenvolvida com o apoio do Fundo JBS pela Amazônia, reúne informações sobre três das principais cadeias produtivas da Amazônia: açaí, babaçu e cacau, e já pode ser acessada pelo público. O painel traz valor da produção, quantidade produzida, área colhida e produtividade desses frutos, além de mostrar a evolução de cada um desses aspectos ao longo do tempo.

O painel foi apresentado no webinar por Eduardo Roxo, cofundador da Atina e colíder da Força-Tarefa Bioeconomia da Coalizão, e por Luiz Gustavo Sereno, supervisor de dados da Universidade do Texas. Embora se fale muito na importância da bioeconomia, os dados são díspares e não se tem, de fato, uma ideia do tamanho do setor, afirmou Roxo. Assim, disse, ter mais informações sobre as cadeias da bioeconomia interessa “a quem produz na ponta, à formulação de políticas públicas, e a quem comercializa”. 

O painel tem como base os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que permitem visualizar a trajetória dessas cadeias produtivas ao longo de décadas. Além de tornar os dados mais acessíveis, a plataforma permite que se coloquem mais camadas de informações, vindas de outras bases.

“Queremos integrar os dados para compor um cenário mais completo dessas cadeias. Por enquanto, temos açaí, cacau e babaçu, mas a estrutura da plataforma está pronta para receber dados de outras cadeias”, disse Sereno.

Integrar fontes de dados, sistematizar e disseminar informações sobre a bioeconomia derivada da biodiversidade brasileira é uma das prioridades da FT Bioeconomia da Coalizão, conforme divulgado em um posicionamento sobre o tema. Esta frente de trabalho foi identificada como um ponto de sinergia com a Concertação.

Relevância para estratégias públicas e de empresas

 Em debate realizado após a apresentação do Painel da Floresta, a diretora do Fundo JBS pela Amazônia, Andrea Azevedo, assinalou que os dados da economia da floresta são “importantes e estratégicos”:

“Deles dependem a formação de estratégias para cada cadeia, para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas e para o mercado externo”, afirmou Azevedo, que foi a mediadora do painel.

A deficiência de dados é reconhecida pelo IBGE. Assessor técnico especializado no levantamento Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), realizado pelo instituto, Alexandre Pires Mata admitiu desafios na coleta de informações no setor extrativista:

“Na parte agrícola é mais fácil, está mais bem estruturada, porque existem cooperativas, mas para extrativismo vegetal precisamos contar com o aumento desses informantes”, assinalou.

Pesquisador do Amazônia 2030 e professor da Universidade de Nova York, Salo Coslovsky destacou que as próprias cadeias não geram as informações necessárias. Falta, também, uma “cola” que conecte os diferentes elos da cadeia, como produtores e investidores, para que se avance na direção certa. “Talvez sejam arranjos pré-competitivos, para que os setores entendam os obstáculos e como superá-los, e com apoio dos governos, trabalhando de forma conjunta.”

Dados de bioeconomia consolidados são importantes para que se consiga perceber o valor econômico da floresta em pé, sublinhou Priscila Matta, gerente sênior de Sustentabilidade da Natura &Co América Latina. “Atuar por meio de um ambiente mais conhecido contribui para minimizar riscos e direcionar o planejamento, pois vai materializando a visão da capacidade instalada.”

Bárbara Brakarz, coordenadora da Iniciativa Amazônia no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destacou que os dados precisam ser comparáveis e mensuráveis. “Só assim poderemos entender o impacto do trabalho, saber se estamos no caminho certo e ter um plano de investimento”, afirmou. “Há diferentes necessidades e precisamos de diferentes instrumentos econômicos para trazer resultados às cadeias.”

Assista ao webinar aqui.

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