05/2023

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Evento em Brasília analisa pauta agroambiental sob os 100 dias de governo

Coalizão e Valor Econômico reuniram atores de diferentes segmentos, que debateram combate ao desmatamento, produção de alimentos e segurança climática

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Participantes do primeiro painel : deputado Nilto Tatto, Neidinha Suruí, Daniela Chiaretti (Valor),
Liège Correia (JBS), Pedro Alves Neto (Mapa) e Rodrigo Agostinho (Ibama). Foto: Claudio Reis

“É momento de discutir restauração em larga escala, implementação do mercado de carbono, desenvolvimento de energias limpas e renováveis e a Lei de PSA (Pagamento por Serviços Ambientais)”, disse Renata Piazzon, cofacilitadora da Coalizão e diretora-executiva do Instituto Arapyaú, no início do evento “100 dias de governo: perspectivas para a agenda agroambiental no Brasil”, promovido pela Coalizão Brasil em parceria com o jornal Valor Econômico.

 O anúncio de Piazzon foi uma pequena amostra da amplitude da pauta coberta pelo debate, dividido em dois painéis – um mais dedicado a questões relacionadas ao combate ao desmatamento; o outro, voltado à segurança alimentar. Os especialistas reunidos pela Coalizão têm diferentes origens – representam o poder público, setor privado e organizações da sociedade civil –, mas seguiram uma linha em comum: além de olhar no retrovisor, avaliando os 100 primeiros dias do novo governo, também traçaram uma perspectiva sobre que assuntos devem permear a agenda agroambiental nos próximos anos.

Apesar das sinalizações positivas e alinhadas às propostas da Coalizão reunidas no documento “O Brasil que vem: propostas para a agenda agroambiental do país a partir de agora”, há muitos desafios pela frente, ponderou Laura Lamonica, coordenadora executiva do movimento. “O desmatamento ainda está alto e falta muito para aprimorar o Cadastro Ambiental Rural, mas temos boas expectativas”, afirmou ela na abertura do evento, ao lado de Zinia Baeta, editora executiva do Valor.

O evento foi acompanhado presencialmente por 130 pessoas em um hotel em Brasília no dia 27 de abril; mais de 700 pessoas assistiram a transmissão nas redes sociais – veja o debate na página da Coalizão no YouTube.

Primeiro painel: combate ao desmatamento e alternativas econômicas

As medidas emergenciais para a luta contra a devastação da Amazônia deram o tom do primeiro painel, “Mantendo a floresta em pé: ações para combater o desmatamento e criar alternativas econômicas”. Além de políticas de comando e controle, que exigem a reestruturação das agências ambientais, governo e setor privado devem investir na rastreabilidade das cadeias agropecuárias e na geração de emprego e renda para pessoas que, hoje, tiram sustento de atividades ilegais na floresta.

“Quero apostar na capacidade de diálogo transversal, de que a pauta econômica e a ambiental andam de mãos dadas. Sem essa perspectiva não se pode avançar, conforme a própria ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima, o MMA) já disse”, afirmou Pedro Alves Neto, secretário adjunto da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

No debate, a indigenista Neidinha Suruí fez um chamado para que os setores empresarial e financeiro se juntem à luta contra a ilegalidade na Amazônia e pelo desenvolvimento sustentável. “Que a economia considere a sociobioeconomia da região. Só quem pode promover essa mudança conosco são o setor privado e os bancos”, assinalou.

O painel também contou com a participação de Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama; Liège Correia, diretora de sustentabilidade da JBS/Friboi e o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista. A mediação foi da jornalista Daniela Chiaretti, repórter especial do Valor.

Segundo painel: produção de alimentos e segurança climática

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Debatedores do segundo painel: Ana Repezza (Apex), Ana Toni (MMA), Eduardo Assad (FGV),
Patrick Cruz (Valor), Taciano Custódio (Rabobank) e Ceiça Pitaguary (MPI). Foto: Claudio Reis

Uma grande contradição do Brasil foi explorada no segundo painel: o país é um dos principais produtores de alimento do mundo, mas 61 milhões de pessoas em seu território enfrentam insegurança alimentar – este número pode subir, considerando os potenciais prejuízos às safras provocados pelas mudanças climáticas.

Intitulado “Brasil potência verde: como incentivar a produção de alimentos e garantir a segurança climática”, o painel também apresentou oportunidades para inovação na economia brasileira.

“O país pode ser provedor de serviços globais de baixo carbono. Mas, para isso, precisamos criar novos instrumentos econômicos”, enfatizou Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do MMA.

Taciano Custódio, head de sustentabilidade do Rabobank Brasil, complementou: Vemos a oportunidade de apoiar o produtor na transição para baixo carbono. O sistema financeiro precisa restringir acesso ao crédito de acordo com o risco ambiental”.

Além de Ana Toni e Custódio, também participaram da discussão Ana Repezza, diretora de negócios da Apex Brasil; Eduardo Assad, professor da FGVAgro; e Ceiça Pitaguary, secretária de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que lembrou das dificuldades desses povos em obter acesso ao crédito rural, uma vez que não possuem acesso regularizado à terra. A discussão foi mediada pelo jornalista Patrick Cruz, editor de Agronegócios do Valor.

No evento, foi lançado o documento “Considerações da Coalizão Brasil sobre os 100 primeiros dias de governo”, que traz uma análise do status de 16 propostas apresentadas pela Coalizão na publicação “O Brasil que vem”, todas voltadas para o início da nova administração. Saiba sobre a avaliação do movimento aqui.

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