Realizado às vésperas de um encontro de ministros do G20, evento reuniu representantes de países e setores em discussão sobre como valorar a natureza
Organizações da sociedade civil promoveram em fevereiro, em São Paulo, o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas. O evento, que integrou o calendário oficial do G20 Social, contou com a participação de entidades internacionais e discutiu como impulsionar uma transição para uma economia de baixo carbono, processo que seria liderado pelo Brasil. A data antecedeu uma reunião, também na capital paulista, dos ministros das Finanças e de bancos centrais do G20, o bloco dos países mais ricos do mundo.
A bioeconomia teve destaque na agenda do fórum. Especialistas apresentaram diferentes visões sobre o tema e suas convergências. Também foram abordadas as demandas mundiais pelos produtos da sociobiodiversidade, um mercado em que o Brasil pode assumir protagonismo no G20.
“Precisamos considerar as interseções entre finanças, clima, natureza, bioeconomia, saúde, educação, ciência, tecnologia, inovação e infraestrutura. Sempre colocando as pessoas no centro das decisões”, afirmou Renata Piazzon, cofacilitadora da Coalizão Brasil e diretora geral do Instituto Arapyaú, durante o evento.
Além do Arapyaú, o fórum teve a organização dos institutos Aya, Clima e Sociedade (iCS), Igarapé e Itaúsa, além da Open Society Foundations e da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia.
O rol de painelistas incluiu autoridades de renome internacional, como Alok Sharma, presidente da Conferência do Clima de Glasgow (COP 26), Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente do Brasil e copresidente do International Resource Panel da Organização das Nações Unidas (ONU). Cerca de 2 mil pessoas acompanharam as discussões presencialmente.
Para Luana Maia, gerente sênior da Nature Finance, o fórum cumpriu papel estratégico na agenda paralela às reuniões do G20 ao introduzir o debate sobre como mensurar a riqueza no mundo, valorando e valorizando a natureza. “Países como o Brasil precisam ser reconhecidos e recompensados pelos serviços ecossistêmicos que prestam à humanidade. É, portanto, essencial que o tema da natureza e do clima entrem no mapa financeiro e econômico internacional que é o G20.”
A Coalizão tem atuado, ao lado de outras organizações, na Força-Tarefa (FT) Mobilização contra Mudanças Climáticas, da Trilha de Sherpas, formada por 15 grupos de trabalho, duas FTs e uma iniciativa voltada à bioeconomia.
“A Coalizão exerce um papel importante ao contribuir com conhecimento técnico para a discussão sobre bioeconomia no G20, alimentando um documento-base que está sendo preparado na Trilha de Sherpas”, avalia Maia.