Nº 79
07/2023

Tempo de leitura: 3 minutos

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Especialistas debatem expectativas sobre o Brasil no cenário internacional

Painel abordou oportunidades para o país em eventos que serão realizados nos próximos anos, como Cúpula da Amazônia, reunião do G20 e COP 30

Da esq. para dir.: Joana Martins, Marcelo Furtado, Suzana Kahn, Renata Piazzon, André Corrêa do Lago, Larissa Wachholz, José Carlos da Fonseca e Laura Lamonica. Foto: Maria Isabel Oliveira

Prestes a assumir um papel de destaque em eventos internacionais, o Brasil se vê à frente de uma oportunidade ímpar para emplacar sua agenda agroambiental, atraindo holofotes para políticas de combate ao desmatamento e mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O tema foi debatido por especialistas de diferentes setores na 1ª Plenária da Coalizão em 2023, realizada em São Paulo.

Intitulado “O Brasil no mundo, o mundo no Brasil: clima, florestas e agricultura na agenda das cúpulas globais”, o painel destacou que o país receberá, em agosto, a Cúpula da Amazônia e, em 2025, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). Além disso, o Brasil assumirá no ano que vem a presidência rotativa do G20, que realizará sua cúpula de 2024 no Rio de Janeiro.

“Há grande expectativa em relação ao Brasil, porque somos uma das principais economias do mundo e temos a maior parte da Amazônia em nosso território”, afirmou André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, um dos participantes do debate.

O diplomata, porém, reconhece que há um grande dano à reputação do país no cenário internacional: “Nossas emissões de gases de efeito estufa vinculadas, em sua grande maioria, ao desmatamento, não ajudam nem um pouco nossa imagem no exterior”.

Suzana Kahn, vice-diretora da Coppe/UFRJ e membro do Grupo Estratégico da Coalizão, acrescentou que o Brasil deve investir em soluções baseadas na natureza, aproveitando-se de sua rica biodiversidade.

“A quarta Revolução Industrial traz a junção das ciências biológicas, físicas e digitais. A biodiversidade e o uso da biomassa são fundamentais em uma economia moderna”, ressaltou. “Um Brasil contemporâneo e de vanguarda deve apresentar um novo modelo tropical de desenvolvimento, usando nossas riquezas e criatividade.”

E o Brasil já conta com exemplos para dar o mundo, como lembrou Larissa Wachholz, diretora-executiva da Vallya Agro. É o caso do Plano ABC+, de fomento à agricultura de baixo carbono, que, segundo ela, causou boa impressão na China, principal parceiro comercial brasileiro. “Tivemos conversas na China sobre descarbonização da agricultura e houve uma surpresa, porque não sabiam que o Brasil pesquisa o carbono neutro. O Brasil tem um soft power incrível em segurança alimentar e mal se dá conta disso”, avaliou.

Joanna Martins, CEO da Manioca Brasil, empresa especializada em alimentos naturais, sediada em Belém, reforçou que qualquer tipo de solução para o desmatamento ou propostas de desenvolvimento para a Amazônia deve levar em conta as especificidades locais e os desejos dos habitantes da região. “O mundo dialoga e discute sobre a Amazônia sem os que lá vivem. Sempre me incomodou o discurso de que a Amazônia deve ficar parada no tempo. É possível desenvolver a região junto com a floresta”, disse.

O painel foi mediado por Marcelo Furtado, diretor da Nature Finance e membro do Grupo Estratégico da Coalizão. A gravação do debate está disponível aqui.

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