Líderes da Coalizão destacam avanços na fiscalização e impacto de políticas integradas entre estados e governo federal
Dados divulgados na semana passada pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), indicaram queda no desmate na Amazônia e no Cerrado entre agosto de 2023 e julho de 2024. O avanço dos esforços pela conservação ambiental foi elogiado por especialistas da Coalizão.
Na Amazônia, a área desmatada no período analisado foi de 6.288 km², o que representa uma queda de 30,63% em comparação ao visto nos doze meses anteriores. Trata-se da maior redução percentual registrada no bioma nos últimos 15 anos. No Cerrado, a perda de vegetação nativa somou 8.174 km², índice 25,7% menor do que o constatado no ciclo anterior e a menor marca no local desde 2019.
Especialistas da Coalizão Brasil veem esses números como um sinal positivo. Rodrigo Castro, membro dos grupos Estratégico e Executivo da Coalizão e diretor de País da Fundação Solidaridad, interpreta os dados como uma confirmação de que as políticas de combate ao desmatamento estão no caminho certo. Para ele, a queda no desmatamento nos dois biomas representa “um alento”.
“Especialmente para o Cerrado, o resultado é muito significativo, devido à rápida aceleração do desmatamento no bioma nos últimos anos. Reduzir as emissões e a degradação associadas ao desmatamento é fundamental para a transição para uma economia climaticamente eficiente”, afirma Castro.
Para Carolle Alarcon, gerente executiva da Coalizão, o progresso registrado na Amazônia reflete o impacto de políticas integradas, com ações de fiscalização e colaboração entre os governos locais e o governo federal. No entanto, ela ressalta os desafios no Cerrado, particularmente no Matopiba, região de fronteira agrícola nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde a expansão agrícola e de infraestrutura continua a pressionar o bioma.
“Além da fiscalização imediata, é crucial uma abordagem abrangente, que inclua a resolução de conflitos fundiários e práticas agrícolas sustentáveis”, reforça Alarcon, citando o pacto pelo Cerrado Matopiba como uma iniciativa promissora para proteger a região.
O Matopiba, apesar de seguir com altos números de desmatamento, já aponta para uma queda. “Isso pode indicar uma tendência positiva”, diz Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico da Coalizão e diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio. “Também vejo como benéfica a sinalização de acordos de cooperação do governo federal com os governos estaduais para aumentar o controle das autorizações de supressão de vegetação e o lançamento de um grupo de trabalho para analisar incentivos econômicos e financeiros a fim de evitar a retirada de vegetação nativa de excedentes de Reserva Legal”, afirma.
A Coalizão continua atuando para contribuir com as diferentes esferas de governo para diminuir a devastação dos biomas. A Força-Tarefa Combate ao Desmatamento está revisando o documento “Ações para a Queda Rápido do Desmatamento”, lançado em 2020, visando iniciativas aplicáveis na Amazônia e no Cerrado.
Além disso, no documento “O Brasil que vem”, lançado em 2022, o movimento elencou uma série de medidas fundamentais para erradicar o desmatamento no país, incluindo o fortalecimento de planos do governo federal voltados para esta finalidade na Amazônia (PPCDAm) e Cerrado (PPCerrado). Essas iniciativas destacam a visão de longo prazo da rede em unir esforços para uma conservação eficaz das florestas e ecossistemas brasileiros.