11/2024

Tempo de leitura: 5 minutos

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Sistemas alimentares, restauração e bioeconomia foram temas da Coalizão na COP 16

Gerente executiva Carolle Alarcon apresentou a visão estratégica do movimento, que integra clima e biodiversidade

A gerente executiva da Coalizão, Carolle Alarcon (centro), participou de painel na COP 16 sobre finanças para a biodiversidade promovido por TNC e BID. Foto: Maiara Beckrich

A Conferência de Biodiversidade da ONU (COP 16), realizada em Cali, na Colômbia, foi encerrada sem o resultado esperado. Principal pauta do encontro, o financiamento a projetos e iniciativas para recuperação e conservação da biodiversidade teve a discussão adiada para uma reunião em 2025. A cúpula, porém, também foi marcada por alguns avanços, como a assinatura de um acordo de proteção à biodiversidade marinha e a criação de um órgão subsidiário que incluirá os indígenas em futuras decisões sobre conservação da natureza.

“Um aspecto positivo é a constatação de que, após a COP 16, as agendas de biodiversidade e clima tornaram-se inseparáveis, marcando uma aproximação significativa entre as conferências da ONU dedicadas a esses temas e à desertificação. Essas três pautas, iniciadas na Rio 92, estão cada vez mais integradas”, destaca Carolle Alarcon, gerente executiva da Coalizão.

Para a rede, que participou pela primeira vez de eventos da COP da Biodiversidade, foi uma oportunidade importante para discutir temas estratégicos, como restauração ecológica e bioeconomia. “Tivemos uma grande visibilidade e articulação com diversos atores nos eventos oficiais, o que foi muito positivo. Conseguimos nos consolidar como um agente essencial, especialmente em restauração ecológica, impulsionados pelo trabalho do Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR)”, destaca.

A plataforma foi apresentada por Alarcon em um dos dois eventos organizados pela Coalizão na Blue Zone, espaço oficial das negociações diplomáticas e de eventos paralelos. Em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), CDB, União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN), Restor e UN Decade on Restoration, foi realizado o painel “Ecosystem Restoration Monitoring: Why integration of multiscale tools are needed”.

As plataformas de monitoramento de restauração, incluindo o ORR, foram o foco do debate. A gerente executiva da Coalizão destacou ainda como a sinergia entre as plataformas facilita a implementação da Meta 2 do Acordo de Kunming-Montreal, que prevê 30% de áreas degradadas em processo de restauração efetiva até 2030.

O segundo evento na Blue Zone foi o lançamento do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) 2025-2028, organizado junto ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Conservação Internacional, Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS), The Nature Conservancy (TNC), WRI e WWF-Brasil.

Anunciado por Fabíola Zerbini, diretora do Departamento de Florestas do MMA, o evento contou com a participação de diversas autoridades governamentais, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Rubens Benini, colíder da Força-Tarefa de Restauração, atuou como painelista, representando o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica.

Alarcon participou também do evento “Climate and Biodiversity Finance”, promovido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela TNC. Nele, a representante da Coalizão destacou que a rede trabalha pela promoção de concessões com foco em restauração, além de defender a segurança jurídica e econômica para investidores, incluindo mecanismos como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Eventos paralelos em Cali

A Coalizão também marcou presença em discussões não oficiais, com acesso aberto ao público em diferentes pontos da cidade. Entre eles estava o evento “From Rio to Cali up to Belém”, onde os UN Climate Change High-Level Champions, representantes nomeados pela ONU, abordaram a integração das agendas de clima e natureza.

As contribuições dos sistemas alimentares para o alcance das metas globais de clima e desenvolvimento foram tema do evento “A United Front for Nature and Climate Action”, que contou com a Coalizão e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Ao final do encontro, Guajajara recebeu uma carta destinada aos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do Brasil, assinada por diversos líderes globais e organizações, entre elas a Coalizão Brasil. O documento “Cali to Belem” reconhece os dois líderes como atores essenciais para integrar ação climática, biodiversidade e sistemas alimentares, e reafirma o compromisso dos signatários com essa visão.

Em paralelo à COP 16, Cali recebeu ainda o World Biodiversity Summit 2024. Nele, Alarcon compartilhou com a plateia, formada por cerca de 500 pessoas, impressões sobre como a bioeconomia pode transformar práticas e fortalecer uma economia alinhada com os objetivos de clima e biodiversidade, promovendo conservação e prosperidade.

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