Na Espírito Madeira, membros do PP&D-SEN exploraram os potenciais sociais, econômicos e ambientais da atividade no Brasil
O Programa de Pesquisa e Desenvolvimento em Silvicultura de Espécies Nativas (PP&D-SEN) da Coalizão Brasil e o PCTSul (Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia) marcaram presença na Espírito Madeira 2024, importante feira do setor produtivo de madeira e móveis. O evento aconteceu entre os dias 7 e 9 de novembro, no município de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo.
Em parceria com a Symbiosis e a Reserva Natural da Vale, a rede montou um estande dedicado à promoção da silvicultura de espécies nativas. O espaço foi palco de debates que exploraram os potenciais sociais, econômicos e ambientais da atividade no Brasil, destacando sua importância para o desenvolvimento sustentável.
Raul Telles do Valle, consultor jurídico e estratégico da Coalizão, e Ivan de Matos Correia, fiscal agropecuário do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), conduziram uma palestra sobre o marco regulatório para a silvicultura de espécies nativas. Com o tema “Se eu plantar espécies nativas, vou ter problemas pra colher?”, a apresentação abordou as regulamentações vigentes para o plantio e colheita de espécies nativas.
Valle detalhou a legislação ambiental federal, ressaltando que ela permite e incentiva a silvicultura de nativas, incluindo espécies ameaçadas de extinção, e destacou a colaboração entre a Coalizão e o governo capixaba para modernizar as normas estaduais. Já Correia falou sobre as atualizações da Instrução Normativa 08 de 2022, que regulamenta o cadastro de plantios de nativas no Espírito Santo.
“Ficou evidente que, apesar dos esforços e dos resultados conquistados, ainda há a necessidade de desburocratizar a prática de silvicultura, diferenciando o tratamento de árvores de espécies nativas provenientes de áreas naturais e de áreas plantadas, facilitando a produção sustentável dessas espécies por meio de financiamento para escalonar a atividade”, diz Carlos Eduardo Silveira, coordenador técnico do PCTSul.
Silveira e Daniel Piotto, membros do PP&D-SEN, também foram palestrantes. Piotto, que também é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), falou em um painel sobre o potencial da silvicultura de nativas para suprir o mercado de madeira tropical do Brasil. Silveira apresentou o PP&D-SEN, iniciativa financiada pelo Bezos Earth Fund, como um programa pré-competitivo para o setor florestal do Brasil.
“O evento aconteceu logo após o lançamento da versão atualizada do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) na COP 16 , que menciona a silvicultura como uma forma de auxiliar a atingir a meta de restaurar 12 milhões de hectares de florestas no Brasil até 2030. Isso ressalta mais a importância da silvicultura de nativas como prática que contribui para o desenvolvimento de serviços ambientais e proteção da biodiversidade”, diz Silveira.
GT de Nativas aprofunda debate sobre leis
A discussão em torno da legislação referente à silvicultura de nativas reforçou o papel pioneiro do estado do Espírito Santo nessa temática e a necessidade de novos avanços regulatórios para fortalecer a atividade. A questão foi aprofundada na reunião do Grupo de Trabalho de Silvicultura de Espécies Nativas (GT Nativas), parceria entre a Coalizão e o estado, que também aconteceu durante o evento.
O encontro teve a presença de líderes do setor e representantes do governo do Espírito Santo, incluindo Eizen Monteiro Wanderley, subsecretária da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, e Fabrício Zanzarini, assessor técnico da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca.