01/2023

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Em webinar da Coalizão, Marina Silva defende nova governança ambiental para o Brasil

Convidada para assumir ministério após o evento, ela elogiou propostas apresentadas pelo movimento e reivindicou políticas públicas transversais contra as mudanças climáticas

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Rachel Biderman, Beto Mesquita, José Carlos da Fonseca e Marina Silva em webinar da Coalizão. Foto: Reprodução

Após uma “experiência de terra arrasada”, o Brasil se depara com o desafio de retomar seu caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. O panorama foi traçado pela deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), em um webinar promovido pela Coalizão Brasil no último dia 22 de dezembro. Na semana seguinte ao debate, Marina aceitou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima – pasta que ela já havia comandado entre 2003 e 2008.

O webinar foi mediado por Rachel Biderman, em seu último evento como cofacilitadora da Coalizão. Entre os debatedores, além de Marina, estavam o cofacilitador José Carlos da Fonseca e Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico do movimento.

 “Em nenhum momento da História nos sentimos tão desafiados na agenda do desenvolvimento sustentável, da proteção ambiental e do combate à desigualdade como neste que estamos vivendo agora”, destacou Marina. “Nosso papel, como sociedade e agentes públicos, é desenhar boas políticas públicas, fortalecê-las e institucionalizá-las, porque, em momentos de crise, o que sobrevive são as boas políticas e as instituições fortalecidas.”

A transversalidade é, segundo ela, a palavra de ordem para o sucesso das políticas ambientais. Marina revelou que, durante a transição de governo, desenhou uma governança ambiental para o país “que dê conta do desafio da questão climática e de chegar à meta de desmatamento zero em 2030, entre outros, sem interromper o ciclo de desenvolvimento e prosperidade”. As propostas do documento “O Brasil que vem”, divulgado pela Coalizão aos governos eleitos, contribuíram para este processo:

 “Muitas propostas (da Coalizão) estão presentes no documento que apresentei ao presidente Lula. Tem algumas que talvez precisem ser mais bem esclarecidas, como é o caso da autoridade climática, porque acabou se criando uma confusão, talvez, no imaginário da sociedade. Mas temos aí um modelo de governança que se coloca à altura dos desafios que temos”, afirmou.

Em seu documento, a Coalizão apresentou cinco propostas que deveriam ser tomadas urgentemente pelo governo federal, já no primeiro dia de mandato. Três delas foram contempladas por Lula logo após sua posse.

Rachel Biderman reforçou a importância das propostas da Coalizão elaboradas durante o processo das eleições e levadas aos candidatos e aos governos eleitos.

“Defendemos mais recursos para segurança alimentar da população brasileira, geração de renda e emprego no campo e combate ao desmatamento. Esperamos a retomada da liderança do país na área internacional, sobretudo na produção sustentável e na descarbonização da cadeia produtiva”, disse. 

Beto Mesquita, diretor de Florestas e Políticas Públicas da BVRio, analisou a situação agroambiental no Brasil e enfatizou a importância do país no ranking global de produção agropecuária.

“O Brasil é o quarto maior produtor mundial de grãos e a estimativa é que a partir de 2023 se torne o terceiro, superando a Índia e ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Nós temos uma capacidade produtiva que é resultado de uma combinação poderosa de desenvolvimento científico e tecnológico, conhecimento acumulado e construído principalmente por instituições públicas”, declarou. “Precisamos melhorar a oferta de créditos e a estratégia de extensão de assistência técnica, para que possamos dar escala e aumentar o viés de sustentabilidade dessa produção agropecuária.”

Já José Carlos da Fonseca explicou como se deu o ganho de produtividade no setor de florestas plantadas, que hoje conta 10 milhões de hectares no país, e ressaltou o papel que esse segmento tem para preservar outros 6 milhões de vegetação nativa.

Também destacou a importância de um movimento como a Coalizão. “Reunimos quem pensa diferente, num exercício permanente de construir convergências. Neste momento em que estamos às vésperas de um novo ciclo, é muito bom ter a oportunidade de conversarmos e ver que estamos preparados para construção de convergências.” 

Os painelistas lembraram que a data do webinar, 22 de dezembro, também marca o aniversário da morte do ambientalista Chico Mendes, amigo de Marina, assassinado em 1988.  Emocionada, Marina admitiu que a data era “bastante impactante” para ela e ressaltou que Chico Mendes, se estivesse vivo, seria um defensor da Coalizão.

“Talvez o Chico Mendes nunca imaginasse que uma coalizão com vários empresários do agro pudesse se reunir para propor coisas que ele desejava. Acredito que se o Chico estivesse vivo, vendo tudo o que aconteceu e o que podemos fazer se tivermos a capacidade de sermos maiores do que nós mesmos, ele diria: o futuro chegou.”

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