Articulações com o poder público em Brasília, diálogo com o setor produtivo e fortalecimento das forças-tarefa serão prioridades em 2023, afirma cofacilitadora
Foto: Divulgação/Arapyaú
Renata Piazzon, advogada e diretora do Instituto Arapyaú, é a nova cofacilitadora da Coalizão Brasil. Com o anúncio, feito na 2ª Plenária de 2022, realizada em dezembro, ela passa a atuar na posição que antes era de Rachel Biderman, vice-presidente sênior para as Américas da Conservação Internacional (CI), e ao lado de José Carlos da Fonseca Jr., diretor-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Antes, Piazzon já fazia parte do Grupo Executivo (GX) da Coalizão e dividiu a liderança do Comitê Eleições com Paulo Dallari, diretor de Relações Institucionais da Natura &Co. Entre as prioridades assumidas por ela à frente da cofacilitação estão aumentar a capacidade de advocacy da Coalizão e fortalecer a participação de organizações do setor agropecuário dentro do movimento.
Nesta entrevista, a cofacilitadora também revela suas expectativas com relação às Forças-Tarefa (FTs). “São grupos que conhecem profundamente seus temas e têm capacidade técnica e articulação política. É fundamental que elas sejam mantidas e fortalecidas”, diz.
Além dessas atuações, Piazzon também é membro do Conselho Consultivo do Instituto Akatu, do Grupo Jurídico do Sistema B Brasil e do projeto Realidade Climática.
Conheci a Coalizão na COP 21, em 2015, em Paris, quando era advogada na área ambiental. Acompanhei toda a trajetória do movimento e, quando entrei no Instituto Arapyaú, três anos depois, a Coalizão já era uma rede prioritária para nós, dentro da nossa estratégia de fomentar redes transformadoras. Passei a integrar o GX e a participar das reuniões do GE e sempre acompanhei, com muita admiração, o trabalho dos facilitadores.
Recebi o convite para ser cofacilitadora por parte da Rachel [Biderman] na Climate Week, em Nova York, no ano passado. É um grande desafio substituir a liderança feminina da Rachel, por quem nutro muita admiração. Também recebi o convite com muita animação, especialmente depois do resultado das eleições. Acho que é um novo momento para a Coalizão, que resistiu nos últimos quatro anos e tem agora o desafio de se posicionar, com uma abertura ainda maior para o diálogo com os governos federal e subnacionais e o Congresso.
Quero contribuir para que a Coalizão aumente sua capacidade de articulação e advocacy e retome uma participação maior do agro dentro da rede. Acho que isso será uma prioridade de engajamento, desde a agricultura familiar até o agronegócio, para construir uma agenda propositiva na temática agroambiental. Então, são dois os principais desafios: a retomada do agro na Coalizão e o fortalecimento da capacidade de articulação e advocacy em Brasília.
Acredito que, devido a muita pressão nos últimos anos, algumas entidades relevantes do setor saíram ou acabaram por diminuir sua participação na Coalizão. Essa retomada de diálogo e participação das organizações do agronegócio dentro da Coalizão é fundamental.
O meu contato mais próximo com as FTs foi no ano passado, quando liderei o Comitê Eleições junto com o Paulo Dallari, e vi o potencial da produção técnica e normativa desses grupos. São grupos que conhecem profundamente seus temas e têm capacidade técnica e articulação política. É fundamental que as Forças-Tarefa sejam mantidas e fortalecidas, mas acredito que precisamos priorizar o que vamos fazer, porque o advocacy efetivo acontece quando você tem um foco muito claro na priorização das propostas que serão colocadas à mesa.
Acho que teve um trabalho de aprendizado de 2018, que foi focar não necessariamente no período de campanha, mas no pós-eleições, no diálogo com os governos eleitos. Temos um documento que sintetiza as propostas para o Dia 1 e para os primeiros 100 dias do período de mandato, mas temos também um documento técnico robusto, que fundamenta essas recomendações. Na verdade, esse documento é o início de um processo. Vamos usar muito as notas técnicas produzidas pelas FTs para pautar o advocacy do ano.
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