02/2023

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Ex-lideranças da Coalizão assumem cargos no governo e destacam papel do movimento junto ao poder público

Representantes do setor privado, academia e sociedade civil deixam a rede, mas aguardam contribuições para agenda agroambiental do país

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Mercedes Bustamante, André Lima e Ana Tulia de Macedo. Fotos: Secom/UnB, Aceevo pessoal e Igor Estrela

Desde o início do ano, representantes do setor privado, da academia e da sociedade civil organizada que integravam a Coalizão Brasil assumiram posições em órgãos do governo federal e, assim, deixaram o movimento. Da participação na Coalizão, afirmam que levarão aprendizados, como a capacidade da rede de promover diálogos entre diferentes atores para alcançar consensos e consentimentos e construir propostas. Por essa característica, também enxergam no movimento um interlocutor relevante para o governo.

“O grande aprendizado na Coalizão foi o diálogo de diferentes setores da sociedade, que aportam suas visões e experiências para a resolução de problemas e para a busca de caminhos possíveis em temas complexos como a gestão ambiental no Brasil”, afirma Mercedes Bustamante, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação.  “Na área da educação, temos um desafio de igual magnitude e o diálogo entre as diferentes visões será crucial.”

Professora titular do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB), integrante da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e coautora de relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, Mercedes Bustamante integrava o Grupo Estratégico da Coalizão, principal instância de decisões e diretrizes do movimento.

 “A elaboração de documentos propositivos e consensuais, tal como é feito na Coalizão, será um processo também na Capes”, revela. “No momento, temos a tarefa de desenvolver o novo Plano Nacional de Pós-Graduação, que nos norteará na próxima década.”

André Lima, advogado e fundador do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), teve papel ativo na abertura de diálogo entre a Coalizão e parlamentares. Agora, ele deixa o movimento para assumir a Secretaria Extraordinária de Controle do Desmatamento e Ordenamento Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Para Lima, os posicionamentos públicos da Coalizão são “fruto de busca intensa por consensos e convergências possíveis e muito diálogo de qualidade”. “Sem dúvida, constituem uma referência e até mesmo uma bússola fundamental para nossa contribuição à frente da secretaria.”

Lima enxerga no movimento um papel de destaque para evitar o que chama de “consenso oco” em torno da sustentabilidade ambiental. “Como escrevi dia desses no meu Twitter pessoal: ‘O Brasil é Agro? Sim! O Brasil é Florestal? Sim! O Brasil é AgroAmbiental? Ainda não!’. Certamente, a Coalizão será um dos interlocutores mais importantes para o enfrentamento desse desafio histórico para o futuro agroambiental do Brasil”, afirma.

A Coalizão pode exercer um papel relevante mesmo em áreas não associadas diretamente à agenda agroambiental, sustenta Ana Tulia de Macedo, que foi colíder da Força-Tarefa (FT) de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) até receber o convite para integrar o governo. Especializada em políticas públicas, Macedo, que também deixa a coordenação de Relações Governamentais da Natura &Co, assumiu a Secretaria Nacional de Acesso à Informação, área criada pela Controladoria Geral da União (CGU). 

“Algo que a Coalizão pode fazer para avançar como interlocutora neste governo é, talvez, um exercício reverso, que não vejo muitas entidades fazendo: em vez de levar as próprias demandas, olhar o que o governo está fazendo e identificar oportunidades”, assinala Macedo. Como exemplo, cita a Lei de Acesso à Informação. “Talvez o movimento possa pensar como se apropriar melhor das informações do governo, usando os mecanismos disponíveis”, acrescenta, lembrando que, no caso de pedidos feitos via essa lei, o sistema de perguntas e respostas é regulado e gera a possibilidade de debate.

Outro exemplo é acompanhar as discussões sobre orçamento no âmbito do governo, uma vez que recursos são sempre um gargalo na questão ambiental. “Talvez a Coalizão possa mapear melhor essas oportunidades”, sugere.

Macedo também destaca que a participação na FT PSA foi uma experiência rica, que permitiu o conhecimento das diferentes perspectivas que existem sobre os desafios agroambientais. “Convivi com especialistas do campo tributário, em bioeconomia, em florestas, entre outros, que têm realizado um diálogo produtivo e apresentado propostas muito concretas. Propostas que, mesmo em um governo de difícil diálogo, conseguiram debater com os ministérios da Agricultura, do Meio Ambiente e outras entidades”, destaca.

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