Organizado pela Sobre, evento reuniu diferentes coletivos e entidades em torno de temas como silvicultura de espécies nativas, monitoramento e oportunidades trazidas pela área de restauração
Plenária da Sobre. Foto: Maiara Beckrich
Entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, aconteceu a “IV Conferência Brasileira de Restauração Ecológica”, organizada pela Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre), em Vitória (ES), que teve como tema a “Restauração Multifuncional e Mudanças Climáticas”.
A Coalizão Brasil apoiou a organização de dois painéis que trataram das experiências com polos de silvicultura de espécies nativas e sobre a governança do monitoramento da restauração no país. Além disso, Laura Lamonica, coordenadora executiva da Coalizão, e Maiara Beckrich, analista sênior de Operações e Engajamento do movimento, participaram de reuniões como o do Grupo de Trabalho (GT) Nativas e o encontro de comitês regionais de restauração e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), organizado pela Sobre.
Confira como foram os encontros dos quais a Coalizão participou:
O GT Nativas, parceria entre o governo do estado do Espírito Santo e a Coalizão, realizou um balanço do trabalho do grupo em 2022 e início do planejamento para 2023. O GT comemorou as conquistas deste ano, como a publicação da Instrução Normativa 008 do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), que regulamenta o plantio de nativas no estado.
Agora, o grupo se prepara para agendar uma reunião no início do ano que vem para seguir com a atualização de seu plano de ação, tendo em vista o novo cenário do governo federal e as prioridades definidas junto aos membros do GT.
A Coalizão participou de uma reunião entre os coletivos de restauração regionais, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Sobre. O encontro teve como foco entender como a Sobre pode ajudar a fortalecer os movimentos regionais de restauração, levando em conta o contexto da Década da Restauração de Ecossistemas da ONU.
Estiveram presentes representantes de diferentes movimentos por bioma, que estão em estágios diferentes de desenvolvimento: Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Aliança pela Restauração da Amazônia, Araticum, Rede Sul, além de grupos que atuam pela Caatinga e pelo Pantanal. Cada coletivo apresentou sua trajetória e principais desafios que enfrentam em termos de garantia de sustentabilidade financeira, de governança e de obtenção de dados.
O Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR), plataforma criada para agregar e qualificar dados sobre estas atividades no país, também teve a oportunidade de apresentar o status atual de seu trabalho. O ORR e os comitês já estão em conversas há alguns meses com o objetivo de estabelecer uma governança nacional dos dados de restauração.
O simpósio “Governança no Monitoramento da Restauração: do local ao global”, proposto pelo grupo gestor do ORR (Coalizão Brasil, WWF, WRI, TNC, Imazon e Restor) e realizado no último dia 30, buscou promover o debate acerca da integração de plataformas de monitoramento da restauração, trazendo à tona os desafios e oportunidades dessa articulação em diversos aspectos, desde o ator local até a escala global.
Os palestrantes foram representantes de organizações que contribuem com o ORR, como Ana Paula, da Mater Natura, do Paraná, que trabalha com projetos de restauração e já perfaz uma parceria longínqua com o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica. Cézar Borges, analista de conservação do WWF-Brasil, apresentou a perspectiva da Araticum e sua plataforma de monitoramento do Cerrado, lançada em julho. Por fim, houve a fala de Marina Duarte, líder de engajamento da plataforma Restor no Brasil, que apresentou as funcionalidades de geração de métricas baseadas em publicações científicas da ferramenta.
A moderadora da mesa foi Tainah Godoy, atual secretária executiva do ORR, que explicou como o observatório contribui para o monitoramento nacional da restauração, além de ser ponto de articulação das plataformas regionais, integrando dados e potencializando a visibilidade dos esforços em prol da restauração no Brasil.
A conferência também contou com um simpósio cuja organização contou com o apoio da Coalizão. Com o tema “Experiências e desafios regulatórios para a operacionalização de polos de silvicultura de nativas no bioma Mata Atlântica”, o evento teve a moderação de Marcos Franklin Sossai, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo. Uma das painelistas foi Helena de Queiroz Carrascosa Von Glehn, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo (SIMA-SP), que trouxe lições aprendidas com a silvicultura na região do Paraíba do Sul.
Na sequência, Zezé Zakia, consultora do setor florestal, desenhou o Panorama Atual do Marco Regulatório para a Silvicultura de Espécies Nativas. Também houve um olhar mais específico para os desafios da questão regulatória da silvicultura de nativas, por Fabrício Valentim Zanzarini, do Idaf, instituto ligado ao governo capixaba. Por fim, Diego Balestrin, da Vale, apresentou um pouco da experiência e do trabalho desenvolvido dentro do GT Nativas, espaço de articulação entre governo, setor privado e sociedade civil para alavancar a silvicultura de espécies nativas no estado.
O estudo “Espécies florestais nativas do Espírito Santo e seu potencial econômico”, capitaneado pela TNC Brasil, foi realizado com base em levantamentos assinados de 2017 a 2019 pelo Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro). O material é parte das discussões das Forças-Tarefa (FTs) Silvicultura de Nativas e Restauração da Coalizão e contribuirá para a parceria com o estado do Espírito Santo, que tem o objetivo de fomentar a silvicultura com espécies nativas. Diversos membros da Coalizão e das FTs participaram das etapas prévias de revisão deste material, que foi lançado oficialmente na conferência da Sobre deste ano.
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