12/2022

Tempo de leitura: 4 minutos

Compartilhar

COP 27 não cumpriu o que prometeu, mas discussões sobre justiça climática geram otimismo

Acordo assinado em conferência criou fundo para perdas e danos; regulamentação do mercado de carbono não avançou, destacam líderes da Coalizão  

b72 texto3
Negociadores de diversos países preparam-se para fotografia oficial da COP 27
Foto: Divulgação/Kiara Worth- UNClimateChange/Flickr

Antes mesmo de as delegações internacionais aterrissarem em Sharm el-Sheikh, no Egito, onde foi realizada em novembro a Conferência da ONU para Mudanças Climáticas (COP 27), havia a expectativa de que o encontro seria marcado pela implementação do Acordo de Paris. A promessa, no entanto, não foi cumprida. Ainda assim, houve avanços em um tema que dividia países desenvolvidos e em desenvolvimento – a criação de um fundo para a reparação por perdas e danos às nações mais afetadas pelas mudanças climáticas.

Beto Mesquita, membro do Grupo Estratégico (GE) da Coalizão e diretor de Políticas e Relações Institucionais do BVRio, avalia que a COP trouxe ao centro do debate temas primordiais, como igualdade e justiça climática, mas que não definiu o mecanismo de financiamento para os países mais vulneráveis. “Tivemos um avanço que foi o compromisso da criação do fundo, mas sem definir como será a transferência do recurso para os países que mais sofrem com os eventos climáticos”. 

Marcelo Furtado, também membro do GE da Coalizão e diretor da Nature Finance, concorda:

 “Acima da discussão sobre perdas e danos, houve um forte apelo, nesta COP da África, por uma forma mais igualitária de enfrentamento da crise climática. E esse apelo foi muito puxado pelas organizações da sociedade civil, lembrando que não é possível haver justiça climática sem direitos.”

Entre as falhas da COP, segundo Furtado, está a falta de avanços na regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que prevê a criação de instâncias de governança do mercado global de carbono.

Brasil trouxe otimismo à COP

Para José Carlos da Fonseca, cofacilitador da Coalizão, um dos destaques da COP foi a presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu com representantes de países como Estados Unidos e China, e da sociedade civil brasileira. Lula também fez um pronunciamento durante a conferência, em que afirmou que a agenda climática será uma das prioridades de seu governo.

“A presença e o discurso do presidente eleito Lula foram muito bem recebidos pela comunidade internacional, que percebeu a intenção do Brasil de retomar protagonismo na agenda climática e ambiental”, diz Fonseca. “Esperamos que o país volte a ter uma atuação madura em relação ao tema e o novo governo poderá contar com o apoio das entidades que compõem a Coalizão, ou seja, o setor privado e as organizações da sociedade civil”.

Mesquita adverte que, embora o pronunciamento de Lula tenha levado otimismo à COP, não houve avanços em relação às posições mantidas pela delegação oficial brasileira.

“A influência do Brasil só terá concretude a partir da COP 28, no próximo ano”, ressalta.

Participação da Coalizão

Durante a COP 27, a Coalizão Brasil lançou o documento “O Brasil que vem: propostas para a agenda agroambiental do país a partir de agora”, que traz propostas para o governo eleito para a agenda agroambiental, com foco no combate à fome, fim do desmatamento e geração de emprego e renda.

O movimento também organizou, apoiou e participou de diversos eventos, incluindo um debate sobre o protagonismo do Brasil no cenário climático internacional, realizado no espaço oficial da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (UNFCCC), e se reuniu com lideranças nacionais e internacionais.

Leia mais:

Os destaques da Coalizão em 2022
Coalizão Brasil participa de reunião da Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica
Coalizão lança propostas para governos eleitos e organiza debates na COP 27
Coalizão reúne-se com lideranças ambientais e presidente eleito na COP do Clima
Parlamento Amazônico discute pautas comuns pelo desenvolvimento da região
Perda de biodiversidade provocará crise hídrica e insegurança alimentar, alerta especialista

Assine nossa Newsletter
Não foi possível salvar sua inscrição. Por favor, tente novamente.
Sua inscrição foi realizada com sucesso.